Bichos meus

quinta-feira, julho 31, 2008

Escola pública


“Que tipo de estímulo recebem os alunos?

Amontoados em salas de aula depredadas, cujo espaço físico não comporta a quantidade de alunos presente, esses estudantes têm a nítida impressão de que,
como as carteiras quebradas depositadas no fundo da classe, não servem mais à sociedade.”
Luís Fernando de Lima Júnior, professor de História em São José dos Campos, no artigo “O gargalo da educação em São Paulo” . (...e no Brasil)

quinta-feira, julho 10, 2008

Cuidem-se! Amem-se!

Algumas linhas no rosto, algumas cicatrizes no ventre,
algumas marcas de estrias não tira a beleza.


São feridas de guerra, testemunhas de que fizemos algo em nossas vidas,
não tivemos anos 'em formol', nem em Spa... vivemos!


O corpo da mulher é o sagrado recinto da gestação de todos os homens,
onde foram alimentados, ninados e nós, sem querer, o enchemos de estrias, de cesárias
e demais coisas que tiveram que acontecer para estarmos vivos.


A beleza é tudo isto. Tudo junto!


quarta-feira, julho 02, 2008

Densidade da madeira é o segredo do Stradivarius

Pesquisador holandês pôs violinos raros em tomógrafo computadorizado. Os dois tipos de madeira usados nos instrumentos do séc. 18 tinham peso similar; hoje, as mesmas árvores são muito diferentes entre si


Mais uma tentativa de resolver o contra-senso tecnológico dos violinos -os mais antigos são melhores que os atuais. Desta vez, segundo pesquisa publicada hoje (2/7) na revista científica "PLoS One", o grande segredo da qualidade de som dos Stradivarius e dos Del Gesù pode estar na densidade dos dois tipos de madeira usados, respectivamente, por Antonio Stradivari e Giuseppe Guarnieri del Gesù, ambos luthiers de Cremona, cidade da Itália.

A idéia do radiologista Berend Stoel, da Universidade de Leiden (Holanda), foi colocar sete violinos e uma viola (construídos recentemente) em um tomógrafo computadorizado. Ele fez o mesmo com dois Stradivarius e três Del Gesù, todos fabricados entre 1715 e 1735. Hoje, o preço desses instrumentos vai de US$ 1 milhão a US$ 3,5 milhões. Não só pela grife, mas por causa da extrema qualidade do som que emitem.

A principal diferença obtida pelas medições feitas pelo cientista holandês - ele assina o trabalho ao lado do luthier americano Terry Borman- está na densidade das madeiras dos instrumentos antigos.

Em comparação com os atuais violinos, tanto o pinheiro-da-noruega (Picea abies) quanto o bordo (Acer platanoides) -ambos usados na construção de um violino, mas em partes diferentes-, apresentavam no século 18 um grau de dureza parecido. As madeiras usadas em Cremona não eram nem muito duras, nem muito moles -diferentemente do que ocorre nos dias de hoje.

Os instrumentos contemporâneos apresentam uma diferença de densidade entre as madeiras. O pinheiro usado no espelho (parte da frente de um violino) é mais duro do que antes. Enquanto o bordo, usado na parte de trás, não apresenta muita diferença. "Esse é apenas um item que pode explicar a diferença entre os violinos do passado e os de agora", diz a Folha a física Maria Lúcia Grillo, professora da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

Segundo a cientista, que estuda acústica musical, vários outros segredos já foram especulados. "Posso elencar uma lista deles. E os próprios autores fazem isso agora. Um, por exemplo, é o tipo de tratamento utilizado para a madeira. O verniz poderia ser importante, assim como a aplicação de amônia ou o fato de a madeira ter sido colocada sobre o vapor d"água também".

O próprio pesquisador da Holanda, em seu estudo, diz que a densidade pode ser apenas um fator importante para explicar a diferença na vibração do violino ou na modificação da irradiação do som. "Ele apenas ajuda a entender o som superior dos instrumentos antigos", escreve ele.

Para o maestro brasileiro Luís Roberto Perez, formado na USP, mas hoje também ligado ao departamento de Física da Uerj, não adianta querer ficar "redescobrindo a pólvora". Ele afirma que o segredo dos Stradivarus e dos Del Gesù está definitivamente perdido.

"Tem até um outro fator, [além dos mais científicos]. Esses violinos sempre foram tocados por grandes músicos. Isso, inclusive, acaba melhorando o próprio instrumento ao longo do tempo", afirma o músico. Para Perez, seria melhor tentar melhorar os violinos de hoje e ponto final. "Existe o problema do lobo [vibração irregular que ocorre entre algumas notas], que me incomoda bastante quando estou tocando", diz o também violonista.

Folha de São Paulo, 2/7/2008