Bichos meus

domingo, novembro 29, 2009

Saudades



Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...

Clarice Lispector

sábado, novembro 28, 2009

Michael J. Fox

Michael J. Fox se tornou um dos atores mais populares de Holywood nos anos 80 ao estrelar a trilogia De Volta para o Futuro. No auge da carreira, em 1991, intrigado com um tremor em um dos dedos da mão, foi ao médico e recebeu o diagnóstico de Parkinson, doença degenerativa do sistema nervoso. Hoje, aos 48 anos, Fox se orgulha de ter saído fortalecido de todas as provações por que passou à medida que a doença progredia. Embora tenha sido obrigado a abandonar a carreira, ele avalia que se tornou uma pessoa mais rica do ponto de vista espiritual. A Fox lançou sua autobiografia, que acaba de chegar às livrarias brasileiras com o título Um Otimista Incorrigível.

Algumas frases da entrevista à revista VEJA - 27/11/2009
"Todos nós, constantemente, temos escolhas a fazer. Podemos nos concentrar em nossas perdas pessoais e passar a existência lamentando-as. A alternativa a isso é empolgar-nos com os novos caminhos que preenchem as lacunas criadas por essas perdas. Sinto falta do trabalho, mas minha vida se tornou recompensadora em outras áreas. Tenho quatro filhos e adoro passar um longo tempo com eles e com minha esposa. Hoje tenho um cotidiano pleno e rico.
aprendi que, com paciência, o vazio dessas perdas acaba por ser preenchido. Em cada decepção há uma oportunidade. Basta saber reconhecer quando essa oportunidade aparece. A recompensa é sempre maior do que a perda.
Estou muito mais feliz em relação a certas coisas do que quando era mais jovem. Sou mais tolerante, tenho mais entusiasmo e compaixão.
O que gosto na religião é a noção de humildade que ela promove. Eu aprendi a ser humilde.
Claro que devemos ser realistas e aceitar as circunstâncias, mas acho que, mesmo diante de uma situação dramática, há muitos motivos para ter pensamentos positivos
O presidente Barack Obama chamou esse sentimento de uma urgência feroz do agora. Sua mensagem dizia que era preciso lidar com os problemas que estão à frente em vez de se preocupar com o passado ou ficar com medo do que possa acontecer no futuro.
no México, há alguns anos, um guia me mostrou uma árvore da qual escorria um líquido vermelho e disse para não tocá-la de jeito nenhum, pois a substância poderia causar queimaduras. Um pouco mais à frente, deparamos com outra árvore, da qual escorria um líquido preto. O fluido, disse o guia, curava queimaduras. Assim é a vida. Para tudo o que queima, há algo que cura."

sexta-feira, novembro 27, 2009

Compreensão, além da superficial




"Para se ganhar uma compreensão, além da superficial, dos conceitos envolvidos é preciso praticar e muito. Aqui vale a regra do quanto mais melhor! Uma boa forma mental só é moldada através de muita leitura e de litros de suor gastos na solução de exercícios."

"Tente, você pode até gostar."

quarta-feira, novembro 25, 2009

Uma resposta aproximada da questão certa é mais valiosa do que uma resposta certa de um problema aproximado.

John Tukey (1915 - 2000)

terça-feira, novembro 24, 2009

Fotografia Animal


terça-feira, novembro 17, 2009

Para quem curte cinema

http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default.jsp?source=DYNAMIC,blog.BlogDataServer,getBlog&uf=1&local=1&template=3948.dwt&section=Blogs&post=200582&blog=677&c

quinta-feira, novembro 12, 2009

Vamos ajudar o planeta!

Vale a pena pensar no futuro das crianças e jovens de hoje!
A Google lançou um novo site de busca na internet, chamado ECOPLAN,
http://www.eco4planet.com com a mesma tecnologia e qualidade de busca do Google.
A novidade é que:
- A cada 50.000 consultas uma árvore será plantada, e fica disponível no portal o número de mudas atingido.
- O fundo preto da tela, que a princípio gera estranhamento, descansa os olhos e economiza 20% da energia do monitor.

Desde agosto de 2009 o eco4planet
efetua o plantio de árvores de acordo com o número de pesquisas realizadas através dele, um passo importantíssimo para sua proposta ecológica - mais uma vez provamos que todos tem condições de colaborar com o meio ambiente e a sua participação divulgando o eco4planet é fundamental. Você pode acompanhar o contador de árvores na página principal e nos seguir via Twitter para ficar por dentro das datas e locais de plantio

Economizar energia é uma forma de ajudar o planeta uma vez que para geração de eletricidade incorre-se no alagamento de grandes áreas (hidrelétricas), poluição do ar com queima de combustíveis (termoelétricas), produção de lixo atômico (usinas nucleares), dentre outros problemas ambientais. Soma-se a isso o fato de que o eco4planet pode gerar menor cansaço visual ao visitante se comparado a uma página predominantemente branca.

A iniciativa é nova (a contagem das árvores começou mês passado), ainda faltam ajustes, como, por exemplo, divulgar os locais do plantio e detalhes como se há ou não a preocupação de reflorestamento com as espécies nativas dos respectivos biomas, mas acredito que em breve essas questões serão devidamente esclarecidas.

O número de mudas ainda está muito baixo, por que poucas pessoas conhecem essa iniciativa.

Torne o ECO4PLANET o seu buscador padrão através do link
http://www.eco4planet.com/pt/pesq_padrao.html#ie
Divulguem e protejam o meio ambiente!

quinta-feira, novembro 05, 2009

Arroio Dilúvio - Porto Alegre/RS - Brasil


Ontem e Hoje

Arroio Diluvio

Cavalo




"E Deus pegou um punhado de vento do Sul, soprou sobre ele e criou o cavalo."

(Lenda beduína)

terça-feira, novembro 03, 2009

Por que ficar em Porto Alegre?





Faz ao menos dois anos - desde que abri mão de um emprego de sonho por achar que não valia a pena sair daqui - que eu me faço esta pergunta quase que diariamente. Ainda mais agora, com dois grandes amigos se bandeando para São Paulo, repetindo o trajeto que meu pai fez conosco em 1980, e o Márcio e eu fizemos em 2001. É uma pergunta plausível, já que não podemos deixar de levar em consideração o oceano de oportunidades profissionais que, na comparação, São Paulo evidentemente oferece para quem escolheu a comunicação como meio de ganhar a vida - algo que o Márcio e eu fomos doidos o bastante para fazer. O fato é que ao me perguntar "por que ficar em Porto Alegre", quase sempre encontro muitas respostas. Elas quase nunca parecem suficientes, mas via de regra justificam a resistência em ir embora.

A Porto Alegre que vivo no cotidiano não tem trânsito caótico, já que moro na Zona Sul e não trabalho necessariamente nos horários de pico - exceção agora às quintas à noite, quando preciso ir à Unisinos, em São Leopoldo, e levo uma hora e meia para percorrer um trajeto de pouco mais de 40 quilômetros, o que ainda não me parece assim tão absurdo depois do ano e meio passado em São Paulo entre 2001 e 2003. A minha Porto Alegre tem uma vista diária do Guaíba, a partir da sacada do meu quarto ou da vaga em que estaciono o carro no meu condomínio. Tem também os cafés que frequento que não pertencem a uma grande rede de franquia e têm cada um a sua especificidade - e proprietários que nos conhecem pelo nome e sabem o que a gente quer.

A minha cidade tem um centro tido por muitos como medonho, mas onde sou capaz de encontrar pequenos oásis de cultura e gastronomia que amenizam o choque da pobreza inevitável dos centros de cidade que não passaram ainda por um projeto eficaz de revitalização. Mais do que tudo, a província tem um céu azul que segue azul até o horizonte. Ah, sim, e tem horizonte também. Porque tem um rio - que agora virou lago, mas para mim seguirá sendo rio - que nos permite ter um pôr-do-sol bem bacana.

A Porto Alegre da qual não quero sair tem boa oferta cultural - entre livrarias, teatros e cinemas -, além de banda larga e tv por assinatura, que me permitem estar totalmente inserida na tal da aldeia global. Em termos gastronômicos, tem restaurantes razoáveis e, de uns tempos para cá, pouquíssimos são os ingredientes impossíveis de se encontrar. Virou moda em São Paulo? Pode contar que já está em alguma das delicatessens locais. Ou no mercado público.

Como cereja do bolo, a cidade tem a minha família, além de bons e queridos amigos. E um aeroporto com voos que me levam, em menos de duas horas de viagem, a cidades incríveis como Buenos Aires, São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Montevidéu. De carro, estou a duas horas de Gramado e Canela e seus deliciosos restaurantes, a pouco mais do que isso de um paraíso como Itaimbezinho e a pouco mais de duas horas de praias bacanas - de Torres para cima, evidentemente, que não cheguei ao ponto de me ufanar "da maior praia do mundo". E se não vou mais seguido a esses lugares, a culpa é minha, não de Porto Alegre.

Claro que a minha cidade tem coisas absolutamente irritantes, capazes de levar qualquer ser humano à loucura, como, por exemplo, um bairrismo exacerbado que insiste em ter "o maior", "o melhor", "o primeiro", "o mais importante", "ó único" qualquer coisa. Um orgulho bobo de coisas falsas que só fazem com que os forasteiros tenham vontade de rir da gente.

Essas coisas irritantes, porém, seriam as respostas para a pergunta "por que deixar Porto Alegre", não? E, no momento, não tenho por que fazer essa pergunta. Assim, enquanto essa necessidade não chega - se é que chegará um dia -, sigo insistindo na vidinha para qual escolhemos voltar em 2003, depois de um longo processo de listar prós e contras.


Postado por Cássia Zanon 30 de agosto de 2009

que nome de blog é este?

No começo era The day breaks, por causa da música dos Beatles. O endereço era thedaybreaks.blogspot.com e tudo era um verso dos Beatles. Eis que um dia cansei, e resolvi não escrever mais em inglês. E então o Riq sugeriu a tradução à Millôr. Gostei. Ficou. Por isso, nada de "O dia nasce", como seria o correto, mas O dia se espatifa. O endereço mudou para cassiazanon.blogspot.com, mas o nome seguiu o mesmo. Daí que veio o convite do Sérgio para entrar para o honroso time de blogueiros do clicRBS. Tinha como não aceitar? Cá estou, portanto, no www.clicrbs.com.br/cassiazanon. Ainda espatifando um dia depois do outro.


30 de agosto de 2009


segunda-feira, novembro 02, 2009

Doceira e Poeta - Cora Coralina

"Em julho de 1979 o Brasil foi surpreendido com uma carta de Carlos Drummond de Andrade endereçada a uma poeta, até então, pouco conhecida, com o seguinte texto: "Não tendo seu endereço, lanço essas palavras ao vento, na esperança que ele as deposite em suas mãos (...) Seu livro é um encanto, seu lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais.". A poeta em questão, uma senhorinha de quase noventa anos, nasceu Ana Lins dos Guimarães Peixoto e a essa altura era conhecida como Cora Coralina, a doce poeta de Goiás.

Embora escrevesse desde menina, essa senhora só publicou seu primeiro livro pouco antes de completar 76 anos, depois de ter ficado viúva. O que ela fez então nesses anos todos, antes de encantar o público e a crítica com sua prosa e seus poemas? Criou quatro filhos e trabalhou muito enquanto poetou. Morou por 45 anos no interior e na capital de São Paulo, onde vendeu livros, teve uma loja de armarinhos e uma chácara de flores. Ao voltar para Goiás, tornou-se doceira, junto a um fogão à lenha.
Conhecedores da doçura de seus versos, os leitores de Cora Coralina sempre se perguntaram como teriam sido os doces feitos por ela. Para matar essa curiosidade, a Global Editora, com a anuência de Vicência Brêtas Tahan, filha da poeta, está lançando Cora Coralina Doceira e Poeta. Uma obra planejada não só como um livro de receitas, mas também em comemoração aos 120 anos de nascimento da poeta e em homenagem a esta mulher aguerrida, que sempre esteve à frente de seu tempo.
Enquanto decidiam quais receitas integrariam o livro - escolhidas a dedo em cadernos amarelecidos pelo tempo -, a equipe percebeu que, mesmo tendo vivido mais de quarenta anos no estado de São Paulo, as receitas tinham uma profunda relação com os costumes goianos, em especial com a cidade de Villa Boa de Goyaz, terra natal de Cora Coralina. Com isso, os organizadores viajaram para Goiás com o objetivo de captar momentos reveladores dessa relação e tornar visíveis para os leitores as circunstâncias da vida da poeta."