Bichos meus
domingo, agosto 21, 2011
sábado, agosto 20, 2011
Universitários reescrevem textos das bulas de remédios
Manual produzido por alunos da Universidade de Brasília pode ser acessado pela internet.
Objetivo é ajudar na compreensão dos pacientes.
Um grupo de alunos da Universidade de Brasília fez um manual sobre medicamentos que pode ser consultado pela internet. Mais de 160 bulas já foram traduzidas. A ideia é facilitar a vida dos pacientes. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária determinou, anteriormente, que os laboratórios também deveriam fazer bulas mais simples. Quase 400 estão prontas e podem ser consultadas no site da Agência.
20/08/2011
segunda-feira, agosto 15, 2011
As lições das mães ao mundo
Jornal ZERO HORA 15 de agosto de 2011 | N° 16793
L. F. VERISSIMO
Influência das mães
Ainda não se deu a devida importância à influência das mães e suas lições de higiene na história do mundo moderno.
Passamos a infância ouvindo que não havia nada mais sujo do que dinheiro. Depois de tocar uma nota que andara por mãos desconhecidas, acumulando micróbios, devia-se ir correndo lavar as nossas. Botar a mão na boca depois de tocar em dinheiro e antes de lavá-la era morte certa. O resultado é que o dinheiro está em vias de extinção. Foi substituído pelo cartão de crédito, cuja principal vantagem é que, sendo de plástico e pessoal, circula menos pelo terrível mundo das bactérias e dos dedos que ninguém sabe onde andaram (grande terror das mães). E estamos chegando ao ideal que nenhuma mãe previu, nem nos seus sonhos mais antissépticos: o dinheiro transformado em impulso eletrônico. O dinheiro que cruza o éter de computador a computador, sem jamais ser tocado pelo maior inimigo do homem, ou do filho, que é a mão dos outros.
Outra grande ameaça de contágio era corrimão de escada. Saíamos de casa com ordens expressas de não tocar em corrimão de escada. Entre rolar escada abaixo e segurar no corrimão devia-se optar pela queda. Fraturas pelo menos se viam, enquanto os micróbios agiam em segredo. Resultado: inventaram a escada rolante. Outro triunfo das mães.
Mas terror mesmo, tema de histórias assustadoras com exemplos gráficos inesquecíveis do que podia acontecer, era tampa de privada. A princípio, devia-se evitar banheiros públicos. Se a necessidade de usá-los fosse inadiável, devia-se tomar precauções. As meninas recebiam instruções minuciosas do que fazer no caso de não haver alternativa ao banheiro público. Deviam forrar o assento da privada com papel ou, melhor ainda, equilibrar-se alguns centímetros acima da tampa, sem tocá-la, e confiar na pontaria. Sob pena de, nos casos mais graves, até ficarem grávidas. Resultado: o travesti. O travesti foi a maneira que a Natureza encontrou de tranquilizar as mães, desenvolvendo a mulher que faz xixi de pé.
Uma verdade entre nós
Frase da filósofa russo-americana Ayn Rand (judia, fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 1920), mostrando uma visão com conhecimento de causa:
“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada”.
domingo, agosto 14, 2011
''Foi um motim de consumidores excluídos'', diz sociólogo Zygmunt Bauman
Um dos mais influentes acadêmicos europeus, já descrito por alguns comentaristas mais entusiasmados como o mais importante sociólogo vivo da atualidade, o polonês Zygmunt Bauman viu nos distúrbios de Londres uma aplicação prática de suas teorias sobre o papel do consumismo na sociedade pós-moderna. Um assunto que o acadêmico, radicado em Londres desde 1968, quando deixou a Polônia após virar persona non grata para o regime comunista e por conta de uma onda de anti-semitismo no país, explorou bastante em conjunção com as discussões sobre desigualdade social e ansiedade de quem vive nas grandes cidades. Aos 85 anos, autor de dezenas de livros, como "Amor líquido" e "O mal-estar da pós-modernidade", Bauman não dá sinais de diminuir o ritmo. Há cinco anos, no lançamento de "Vida para Consumo", uma de suas obras mais populares, fez uma turnê por vários países. Na entrevista, por e-mail, ele afirma que as imagens de caos na capital britânica nada mais representaram que uma revolta motivada pelo desejo de consumir, não por qualquer preocupação maior com mudanças na ordem social. Eis a entrevista. O quão irônico foi para o senhor ver os distúrbios se concentrando na pilhagem de roupas e artigos eletrônicos? Esses distúrbios eram uma explosão pronta para acontecer a qualquer momento. É como um campo minado: sabemos que alguns dos explosivos cumprirão sua natureza, só não se sabe como e quando. Num campo minado social, porém, a explosão se propaga, ainda mais com os avanços nas tecnologias de comunicação. Tais explosões são uma combinação de desigualdade social e consumismo. Não estamos falando de uma revolta de gente miserável ou faminta ou de minorias étnicas e religiosas reprimidas. Foi um motim de consumidores excluídos e frustrados. Mas qual a mensagem que poderia ser comunicada? Estamos falando de pessoas humilhadas por aquilo que, na opinião delas, é um desfile de riquezas às quais não têm acesso. Todos nós fomos coagidos e seduzidos para ver o consumo como uma receita para uma boa vida e a principal solução para os problemas. O problema é que a receita está além do alcance de boa parte da população. Trata-se de um desafio a mais para as autoridades na tarefa de acalmar os ânimos, não? O governo britânico está mais uma vez equivocado. Assim como foi errado injetar dinheiro nos bancos na época do abalo global para que tudo voltasse ao normal - isso é, as mesmas atividades financeiras que causaram a crise inicial - as autoridades agora querem conter o motim dos humilhados sem realmente atacar suas causas. A resposta robusta em termos de segurança vai controlar o incêndio agora, mas o campo minado persistirá, pronto para novos incêndios. Problemas sociais jamais serão controlados pelo toque de recolher. A única solução é uma mudança cultural e uma série de reformas sociais. Senão, a mistura fica volátil quando a polícia se desmobilizar do estado de emergência atual. Jovens de classe baixa reclamam demais da falta de oportunidades de trabalho e educação. O senhor estranhou não ter visto escolas pegando fogo, por exemplo? Qualquer que seja a explicação dada por esses meninos e meninas para a mídia, o fato é que queimar e saquear lojas não é uma tentativa de mudar a realidade social. Eles não se rebelaram contra o consumismo, e sim fizeram uma tentativa atabalhoada de se juntar ao processo. Esses distúrbios não foram planejados ou integrados, como se especulou no início. Tratou-se de uma explosão de frustração acumulada. Muito mais um porquê que um para quê. Mesmo o argumento de protesto contra os cortes de gastos do governo não deve ser levado em conta? Até agora, não percebi qualquer desejo mais forte. O que me parece é que as classes mais baixas querem é imitar a elite. Em vez de alterar seu modo de vida para algo com mais temperança e moderação, sonham com a pujança dos mais favorecidos Mais problemas são inevitáveis, então? Enquanto não repensarmos a maneira como medimos o bem-estar, sim. A busca da felicidade não deve ser atrelada a indicadores de riqueza, pois isso apenas resulta numa erosão do espírito comunitário em prol de competição e egoísmo. A prosperidade hoje em dia está sendo medida em termos de produção material e isso só tende a criar mais problemas em sociedades em que a desigualdade está em crescimento, como no Reino Unido.
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sábado, agosto 13, 2011
lixo, resíduos, rejeios...
Uma questão que se coloca em meio às informações apresentadas é se todos têm o mesmo entendimento sobre o lixo. Há inclusive uma Política Nacional de Resíduos Sólidos, que apresenta a classificação do lixo. A Lei Federal nº 12.305/10 apresenta a distinção entre lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado, classificado de resíduo, e o que não é passível de reaproveitamento, rejeito. Define ainda resíduos sólidos como material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Desta forma, existem indicadores sobre a questão de resíduos gerados por brasileiros e uma legislação que classifica o lixo. Avanços importantes em relação ao tratamento do lixo, que apontam, lamentavelmente, inúmeros desafios. |
A Europa se abrasileira, e Londres tem até arrastão
13/8/2011 | |
"Nesta semana, um grupo de tumultuadores (manifestantes? bandidos? terroristas?) entrou no Ledbury, um dos restaurantes mais caros da cidade, e passou pelas mesas, assaltando os clientes", escreve Henrique Goldman, cineasta, diretor de "Jean Charles" (2009), que vive em Londres, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 13-08-2011. Segundo ele, "as democracias ocidentais passam por uma crise profunda. Daqui, não se vislumbra luz no túnel". Eis o artigo. Na Inglaterra, estamos em estado de choque com as imagens de jovens, filhos de famílias pobres, atacando a polícia, saqueando lojas e incendiando prédios e carros. Muitos se apressam em banalizar a ação dos tumultuadores, como se se tratasse de simples questão de criminalidade ou atribuindo-a à ineficiência da polícia. A gravidade da situação nos obriga a ao menos tentar entender o contexto dessas convulsões. Enquanto o pau começou a comer aqui em Londres, praticamente todos os ministros do governo do mauricinho conservador David Cameron estavam de férias no exterior. Voltaram para casa para pelo menos dar a impressão de que podem "controlar a situação". A ideia de que eles possam controlar alguma coisa é quase risível, pois na raiz do problema está a crescente impotência e irrelevância das instituições políticas. Ficou claro que as rédeas dessa carroça estão nas mãos das grandes corporações, dos bancos e dos complexos militares industriais. A pobreza desses jovens não é só material. Na ausência de instituições que possam ser minimamente levadas a sério, é uma miséria de valores e de perspectiva. Nesta semana, um grupo de tumultuadores (manifestantes? bandidos? terroristas?) entrou no Ledbury, um dos restaurantes mais caros da cidade, e passou pelas mesas, assaltando os clientes. Ao ler a respeito, logo reconheci: um arrastão! Em Londres! Não é só o Brasil-Novo que está ficando mais europeu. A Europa também está se abrasileirando. As democracias ocidentais passam por uma crise profunda. Daqui, não se vislumbra luz no túnel. | |
A revolução BlackBerry
13/8/2011 | |
Enquanto Londres ardia, a importância do BlackBerry na organização dos atos aumentava. Jovens usaram o sistema de mensagens do BlackBerry utilizando-se do sistema de criptografia o que tornou difícil a tarefa dos serviços de inteligência em seguir as mensagens. O surgimento, entretanto, do aparecimento desse telefone inteligente como um novo ator político durante as revoltas dos jovens enfurecidos deu lugar uma série de observações sobre os motivos tecnológicos que o levaram a cumprir esse papel. Dessa vez, foi através de mensagens do BlackBerry e não do twitter, a forma encontrada para a organização dos saques, com a convocação para que as pessoas se encontrassem em determinados pontos da cidade em determinada hora do dia ou da noite. A reportagem é de Mariano Blejman e publicado pelo Página/12, 12-08-2011. A tradução é do Cepat. Vejamos como tudo aconteceu. O BlackBerry é a marca de um telefone celular inteligente criado por uma empresa canadense chamada RIM (Research In Motion). Desde o começo, BlackBerry apostou fortemente no setor corporativo e ofereceu dois serviços que o tornaram um diferencial no mercado: as comunicações geradas desde e a partir do BlackBerry são criptografadas, ou seja, é praticamente impossível saber do que se está conversando. O segundo aspecto, é que como se trata de uma rede montada sobre a internet, o BlackBerry pode comprimir essa informação. Esse é o motivo pelo qual na Argentina aqueles que utilizam o BlackBerry são os únicos que podem desfrutar nesse momento de uma tarifa plana: este telefone assegura que o fluxo de dados seja muito menor que o de – por exemplo – um iPhone ou um Android. A expansão do uso de telefones inteligentes BlackBerry entre os jovens ingleses tem a ver com uma forte política de preços baixos nesse país e com a possibilidade dos que utilizam esse telefone de se comunicarem ilimitadamente entre seus amigos. Isto é basicamente o que fazem os jovens com os seus telefones: conversar, comunicar-se, saber das agendas dos outros, onde se está indo, etc. Segundo um estudo da semana passada publicada pela consultoria OfCom, enquanto o iPhone é na Inglaterra mais popular entre os que têm 25 a 34 anos, o BlackBerry é o escolhido por 37% dos jovens de 12 a 24 anos, precisamente pelo serviço de mensagens gratuito que oferece. Ou seja, a estrutura de comunicação juvenil na Inglaterra acontece principalmente através do serviço de mensagens do BlackBerry e depois – num segundo plano – através do Twitter ou do Facebook. Mas enquanto o Twitter é aberto, sua comunicação pode ser seguida livremente e suas mensagens podem ser rastreadas com facilidade, o sistema de mensagens do BlackBerry é criptografado, foi pensado inicialmente para que o setor corporativo pudesse sentir-se seguro na hora de negociar através do seu telefone. Faz tempo, o governo dos Emirados Árabes, decidiu suspender momentaneamento o serviço BlackBerry – em um ambiente altamente corporativo – devido ao fato de que não se podiam monitorar as comunicações. O lobby internacional e a disposição da RIM em colaborar com as autoridades fez com a medida fosse suspensa. Antes de continuar, digamos que o problema fundamental que atingiu a Inglaterra era de uma massa frenética de jovens marginais e desfavorecidos, que pouco tem a ver com telefones inteligentes. A maioria das ações foram originadas inicialmente entre grupos de conhecidos, o incentivo para o comparecimento a lugares determinados através doBlackBerry com um formato parecido a uma notícia veio depois. Algo como “parece que estão se juntando em tal lugar”, informação que posteriormente chegou ao twitter e que estimulou a que outros comparecessem. O problema fundamental encontrado pela polícia, ligado ao BlackBerry, foi que a criptografia não permitia seguir as comunicações em tempo real. Primeiro, tentaram interromper o serviço de mensagens afetando o serviço de outros milhares de usuários e, depois, declararam que iriam colobarar na identificação de todos aqueles usuários que estiveram nos lugares dos distúrbios. Os hackeres da TriCk-TeaMpOisoN não gostaram da ideia manifestando-se através de “ataque” ao blog oficial do BlackBerry: “Vocês não devem colaborar com a polícia. Se o fizerem, muita gente inocente que estava no lugar dos atos será considerado culpada. Se pensam em dar informação das conversas, nomes dos usuários ou localização do GPS, irão se arrepender: temos sua base de usuários. Nós condenamos os atos de vandalismo, mas as pessoas inocentes devem ser defendidas”, declararam. Entretanto, o principal problema de segurança do BlackBerry não está está na vocação de serviços dos seus donos (que declararam colaborar com qualquer organismo de controle do país que o necessite), mas sim no sistema em si mesmo. Segundo um especialista de segurança consultado por este jornalista, que tem como trabalho hackearsistemas informacionais, a maior falta de segurança do BlackBerry está no fato de que o sistema de criptografia é um software privado, e não se pode saber exatamente que dados esse software está armazenando. O sítio Zdnet publicou um artigo no qual informa uma falha de segurança nos servidores do BlackBerry: eles podem ser hackeados simplesmente enviando um arquivo com formato fotográfico ou um pdf através de sua rede. Ainda que essa seja uma informação complicada para que a polícia britânica a coloque em prática, o interessante do casoBlackBerry em Londres é a reutilização cultural de um suporte distribuído e criptografado pensado inicialmente para fazer negócios. Ao final e ao cabo, também disso se tratam essas revoltas inglesas. Para ler mais: |
desde que inventaram o Facebook e o Twitter que ninguém mais trabalha, só finge
Vamos admitir: desde que inventaram o Facebook e o Twitter que ninguém mais trabalha, só finge
AS COISAS não vão nada bem no hemisfério Norte. A Grécia foi pra cucuia, Portugal e Espanha estão no vinagre, e, na Irlanda, os únicos habitantes que fizeram alguns caraminguás em 2011 foram os quatro integrantes do U2. Até os EUA, quem diria, ameaçaram dar um calote global, o que levou a agência Standard & Poor's a divulgar que a grande potência está mais pra "poor" do que pra "standard".
Diante dos abalos econômicos e da ameaça de recessão mundial, acusam-se os suspeitos de sempre: a esquerda vê o fim do capitalismo, a direita vocifera contra a ineficiência do Estado. Eu, contudo, cronista independente, sem outro compromisso senão com a verdade -e com minha pequena, claro-, sei que a culpa não é dos negociantes nem dos políticos: a culpa, meus caros, é das mídias sociais.
Vamos admitir: desde que inventaram o Facebook e o Twitter que ninguém mais trabalha, só finge -uma hora, ia dar problema. Se o hemisfério Norte quebrou antes de nós é porque se enredou primeiro nessas arapucas do Demônio, mas não demorará para nos estrumbicarmos também: afinal, o dia-padrão de um trabalhador brasileiro não é tão diferente do de um americano ou europeu.
Vejamos: você chega ao trabalho, senta-se diante do computador e, antes de começar suas tarefas, resolve dar uma checada rápida na "homepage". A "home" traz uma fofoca sobre o comportamento sexual de uma cantora pop, e você imediatamente pensa numa bobagem para tuitar. Abre o Twitter, escreve.
Passa então a clicar, de dez em dez segundos, no "your tweets retweeted" -como um ratinho de laboratório, acionando a barra de glicose-, pra ver se gostaram da sua piada. Infelizmente, em 15 minutos, só um retuíte. Você decide preencher a carência que subitamente lhe bateu indo até o Facebook: vai que alguém lhe deixou um recado, na madrugada? Nada, ninguém quis lhe dizer coisa alguma nas últimas 12 horas.
Você descobre, contudo, que a Juliana Pereira, sua ex-colega de ginásio, postou as fotos do feriado, na praia.
Você se lembra dessa Juliana, era bonita, e quando dá por si está há uns três minutos vasculhando as imagens da moça, na esperança algo adolescente, algo senil, de vê-la de biquíni. Não achando nada além de filhinhos sorridentes e uma ou outra foto artística de conchas, com efeitos gráficos do iPhone, decreta que é, enfim, hora de começar a trabalhar. Mas, já que ficou tanto tempo no Facebook, por que não dar só uma passadinha no Twitter, ver se, nesse meio tempo, alguém te retuitou, ou comentou seu tuíte? Nada, ainda, mas um amigo colocou um link para uma propaganda belga de cerveja, muito engraçada. Quando vai ver, já está na hora do almoço, e o dia nem começou.
Agora, caro leitor, some todo o tempo que você tem perdido nessas inúteis perambulações virtuais ao tempo de todos os outros milhões de internautas, calcule o prejuízo em dólares, euros ou reais, e o resultado é uma bela recessão global. Reajamos enquanto é tempo: ou a gente acaba com as mídias sociais, ou as mídias sociais acabam com a gente!
Diante dos abalos econômicos e da ameaça de recessão mundial, acusam-se os suspeitos de sempre: a esquerda vê o fim do capitalismo, a direita vocifera contra a ineficiência do Estado. Eu, contudo, cronista independente, sem outro compromisso senão com a verdade -e com minha pequena, claro-, sei que a culpa não é dos negociantes nem dos políticos: a culpa, meus caros, é das mídias sociais.
Vamos admitir: desde que inventaram o Facebook e o Twitter que ninguém mais trabalha, só finge -uma hora, ia dar problema. Se o hemisfério Norte quebrou antes de nós é porque se enredou primeiro nessas arapucas do Demônio, mas não demorará para nos estrumbicarmos também: afinal, o dia-padrão de um trabalhador brasileiro não é tão diferente do de um americano ou europeu.
Vejamos: você chega ao trabalho, senta-se diante do computador e, antes de começar suas tarefas, resolve dar uma checada rápida na "homepage". A "home" traz uma fofoca sobre o comportamento sexual de uma cantora pop, e você imediatamente pensa numa bobagem para tuitar. Abre o Twitter, escreve.
Passa então a clicar, de dez em dez segundos, no "your tweets retweeted" -como um ratinho de laboratório, acionando a barra de glicose-, pra ver se gostaram da sua piada. Infelizmente, em 15 minutos, só um retuíte. Você decide preencher a carência que subitamente lhe bateu indo até o Facebook: vai que alguém lhe deixou um recado, na madrugada? Nada, ninguém quis lhe dizer coisa alguma nas últimas 12 horas.
Você descobre, contudo, que a Juliana Pereira, sua ex-colega de ginásio, postou as fotos do feriado, na praia.
Você se lembra dessa Juliana, era bonita, e quando dá por si está há uns três minutos vasculhando as imagens da moça, na esperança algo adolescente, algo senil, de vê-la de biquíni. Não achando nada além de filhinhos sorridentes e uma ou outra foto artística de conchas, com efeitos gráficos do iPhone, decreta que é, enfim, hora de começar a trabalhar. Mas, já que ficou tanto tempo no Facebook, por que não dar só uma passadinha no Twitter, ver se, nesse meio tempo, alguém te retuitou, ou comentou seu tuíte? Nada, ainda, mas um amigo colocou um link para uma propaganda belga de cerveja, muito engraçada. Quando vai ver, já está na hora do almoço, e o dia nem começou.
Agora, caro leitor, some todo o tempo que você tem perdido nessas inúteis perambulações virtuais ao tempo de todos os outros milhões de internautas, calcule o prejuízo em dólares, euros ou reais, e o resultado é uma bela recessão global. Reajamos enquanto é tempo: ou a gente acaba com as mídias sociais, ou as mídias sociais acabam com a gente!
PS- Meu amor, a história da Juliana Pereira é meramente ilustrativa, real apenas no terreno da ficção. Espero que compreenda.
ANTONIO PRATA - Twitter, Facebook e o Apocalipse
O hino brasileiro é plágio
Plágio ou o quê? LF Verissimo
No seu livro de 2009 Crônicas do Inesperado, o diplomata aposentado Renato Prado Guimarães dedica uma das ótimas crônicas à origem do hino nacional brasileiro, o nosso querido Ouvirando.
O autor da música do hino, Francisco Manuel da Silva, teria se inspirado numa melodia do seu professor, o padre José Nunes Garcia, incluída no seu “Método de pianoforte”. Nunes Garcia usava temas de compositores como Haydn, Mozart e Rossini nas suas lições e a melodia que inspirara Francisco Manuel da Silva fora por sua vez inspirada na abertura da ópera O Barbeiro de Sevilha, de Rossini.
Guimarães conta que certa vez, num sarau musical em Frankfurt, onde estava servindo, prometeu um CD da orquestra sinfônica de São Paulo a quem identificasse uma semelhança entre o hino brasileiro e alguma peça do repertório operístico. Dois convidados levantaram a mão instantânea e simultaneamente e gritaram O Barbeiro de Sevilha!. Eram os cônsules gerais da Itália e da Espanha. Aparentemente, só nós não tínhamos nos dado conta.
No caso do hino, foi plágio, homenagem ou influência perfeitamente legítima? De qualquer maneira, foi em segunda mão.
terça-feira, agosto 09, 2011
bem-estar não, mas bem-viver
A noção contemporânea de "bem-estar" muito associada à aquisição material, conclamando a uma mudança de noção, não de bem-estar, mas de bem-viver, sempre passando, claro, por uma mudança na educação para o futuro.