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Jornal Zero Hora 1º de novembro de 2007 N° 15405
Moradores do bairro Jardim Lindóia testemunharam a dedicação do casal de joãos-de-barro ao filhotinho de chupim.
O esforço de um casal de aves para manter vivo o filhote adotivo desviou para o alto os olhares e as preocupações de uma vizinhança da Capital esta semana. De segunda-feira até ontem, um chupim preso de cabeça para baixo no topo de um poste resistiu ao sol e à chuva graças à devoção com que os pais de outra espécie - joões-de-barro - o mantinham alimentado.
Com dedicação inabalável, as aves buscavam alimento e o depositavam no bico do filhote assustado, preso por uma perna a um fio de náilon na entrada da casa de barro. A cena inusitada em meio à selva urbana chamou a atenção e emocionou moradores como o aposentado Idir Marangoni, 62 anos. Ao perceber o sofrimento do bichinho, que se debatia para se libertar, Marangoni recorreu aos bombeiros e à CEEE para soltá-lo.
Conforme o ornitólogo da Fundação Zoobotânica do Estado Glayson Bencke, os chupins costumam depositar seus ovos no ninho de outras espécies para que elas criem seus filhotes. Embora a adoção por joões- de-barro não seja rara, Bencke se surpreendeu com a situação testemunhada pelos moradores do bairro Jardim Lindóia.
- Uma situação dessas, um filhote preso de cabeça para baixo junto ao ninho e ser socorrido pelos pais adotivos, é muito curiosa. Jamais havia visto algo parecido - comentou, depois de ver uma seqüência de fotos feita por Zero Hora ontem pela manhã.
Conforme o especialista, é muito difícil para uma ave sobreviver em uma condição como essa, principalmente pela exposição constante ao sol e à chuva. Somente a dedicação extrema dos joões-de-barro pode explicar a capacidade de resistência do bichinho depois de dois dias mantido ao relento em uma posição incomum.
Ontem à tarde, depois dos sucessivos pedidos de socorro feitos pela comunidade, uma equipe da CEEE foi à esquina das avenidas Panamericana e Quito para providenciar o resgate. Em vez de subir até o ninho, os funcionários usaram uma barra para golpear a casa de barro. Ao destruí- la, soltaram a perna da pequena ave, mas a derrubaram ao chão. O animal foi recolhido pelo comerciante Tarciso Flamarion.
- Ele tentava pular. Tentamos dar água, mas morreu em seguida. A queda foi forte - lamentou Flamarion.
A assessoria de imprensa da CEEE informou que a equipe optou por destruir a casa porque ela estava em contato com a rede elétrica e seria necessário interromper o fornecimento de energia da região para um resgate preciso e seguro.
A empresa acredita que o incidente servirá de exemplo a seus funcionários para evitar o mesmo desfecho em outros casos.
Apesar do esforço de dois longos dias, o devotado casal de joões-de-barro acabou sem a casa e sem o filhote.
Sobrou apenas a lição de persistência. ... [e a estupidez humana!]
Chupim: Conhecida cientificamente pelo nome Molothrus bonariensis, a ave está distribuída por todo o Brasil e países vizinhos. Tem a coloração preta e costuma colocar seus ovos no ninho de outras espécies - principalmente do tico-tico. Por isso, também é conhecida pelo nome engana-tico-tico. Conforme o ornitólogo Glayson Bencke, os chupins são geneticamente programados para agir dessa forma como estratégia de sobrevivência. Os pais adotivos, que também podem ser joões-de-barro, costumam aceitar e criar os filhotes dos chupins.
João-de-barro: Pássaro da família Furnaridae, é conhecido por seu característico ninho de barro em forma de forno, construído com palha, esterco e barro úmido. Encontra-se desde Minas Gerais e Mato Grosso até a Argentina, onde é conhecido como hornero. Uma outra espécie habita o norte do Brasil, onde ganhou o nome de maria-de-barro, oleiro e amassa- barro. É um pouco menor do que o sabiá e suas penas são divididas em três cores: a cauda é avermelhada, a região da garganta à barriga em geral tem a cor branca e o resto é cor de terra. Alimenta-se de insetos, larvas, moluscos e sementes.