Bichos meus

quarta-feira, abril 30, 2008

Pense nisto....

“Temos que parar de raciocinar por justaposição de cadeias de produção, imaginando separação total de áreas para etanol, biodesel, grãos e gado. Temos que pensar mais seriamente em sistemas integrados de produção de alimentos e energia”
Ignacy Sachs, economista, em palestra na USP.

“O desafio que se coloca é atacar simultaneamente o problema ambiental e o problema do déficit crônico de oportunidades de trabalho decente e as desigualdades sociais. Se não partirmos para um ciclo de desenvolvimento com base na agricultura familiar, o que teremos não será essa biocivilização, mas uma produção de agroenergia amplamente mecanizada e favelas apinhadas de ex-agricultores”
Ignacy Sachs, idem, idem

''Quando a mulher unge a obra com o mel do seu carinho, a obra é invencível!''
José Martí, poeta e revolucionário cubano do século XIX

terça-feira, abril 22, 2008

Essa história que eu vou contar agora aconteceu com uma mulher
inteligente que estava fazendo uma palestra.

Diz ela:

"Mês passado participei de um evento sobre o Dia da Mulher.
Era um bate-papo com uma platéia composta de umas 250 mulheres de todas as raças, credos e idades. E por falar em idade, lá pelas tantas, fui questionada sobre a minha e, como não me envergonho dela, respondi. Foi um momento inesquecível... A platéia inteira fez um 'oooohh' de descrédito. Aí fiquei pensando: 'pô, estou neste auditório há quase uma hora exibindo minha inteligência, e a única coisa que provocou uma reação calorosa da mulherada foi o fato de eu não aparentar a idade que tenho? Onde é que nós estamos?"

Onde não sei, mas estamos correndo atrás de algo caquético chamado 'juventude eterna'.
Estão todos em busca da reversão do tempo.

Acho ótimo, porque decrepitude também não é meu sonho de consumo, mas cirurgias estéticas não dão conta desse assunto sozinhas. Há um outro truque que faz com que continuemos a ser chamadas de senhoritas mesmo em idade avançada. A fonte da juventude chama-se mudança.

De fato, quem é escravo da repetição está condenado a virar cadáver antes da hora.
A única maneira de ser idoso sem envelhecer é não se opor a novos comportamentos, é ter disposição para guinadas.Eu pretendo morrer jovem aos 120 anos. Mudança, o que vem a ser tal coisa?

Minha mãe recentemente mudou do apartamento enorme em que morou a vida toda para um bem menorzinho. Teve que vender e doar mais da metade dos móveis e tranqueiras, que havia guardado e, mesmo tendo feito isso com certa dor, ao conquistar
uma vida mais compacta e simplificada, rejuvenesceu.

Uma amiga casada há 38 anos cansou das galinhagens do marido e o
mandou passear, sem temer ficar sozinha aos 65 anos. Rejuvenesceu.

Uma outra cansou da pauleira urbana e trocou um baita emprego por um não tão bom, só que em Florianópolis, onde ela vai à praia sempre que tem sol. Rejuvenesceu.

Toda mudança cobra um alto preço emocional.
Antes de se tomar uma decisão difícil, e durante a tomada, chora-se muito, os questionamentos são inúmeros, a vida se desestabiliza. Mas então chega o depois, a coisa feita, e aí a recompensa fica escancarada na face.

Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna. Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho.

Quem dá brilho ao olhar é a vida que a gente optou por levar. Olhe-se no espelho...

( crônica de Martha Medeiros Zero Hora 21.04.2008)

segunda-feira, abril 21, 2008

Jean-Paul Sartre


"O inferno são os outros"

domingo, abril 20, 2008

Evoluir... é o caminho de todos os seres vivo.
Os humanos são os únicos que atalham.
*.*

Vira-lata, um ser especial


Das criaturas, entre o céu e a terra, foi dado a uma tornar-se especial. É o cachorro vira-lata.
Vira-lata é o nome científico dessa raça de cães que vive entre os homens com a liberdade que os bípedes almejam tanto e não têm, embora possuam um par de membros desocupados para fazer o que quiserem.
É o rei dos bichos de nome composto, com seu verbo, seu hífen e seu substantivo.
Um vira-lata sempre parece saber para onde vai, com seu passo decidido. E, se parado, aparenta a placidez de quem está no devido lugar, na hora certa. Os humanos, por mais que saibam para onde ir, sempre têm esse ar um tanto patético dos perdidos no mundo. Parados, mal sabem onde pôr as mãos. Por isso, os bolsos.
E eles, junto com os bolsos, inventaram uma designação meio estúpida para o vira-lata: srd ou sem-raça-definida. Os homens precisam definir tudo. Porque os cães de raça, cada homem escolhe de acordo com o apartamento ou casa - que tem - ou personalidade - que acha que tem.
E, assim, os cães de raça, com suas designações pomposas e pedigris, podem ser escolhidos por seus donos, criteriosamente. O vira-lata, por sua vez, prefere e sabe fazer escolhas ele mesmo. Sem árvore genealógica, atravessa a rua sozinho e consegue comida com sua humilde auto-suficiência.
Há, sem dúvida, mais nobreza em um vira-lata que em um galgo de corrida. As agruras da sarna, dos atropelamentos e das pedradas dão fibra à sua alma.
Repare naqueles que nunca tiveram um vira-lata. Parece que lhes falta algo. O sorriso, talvez, tenha menos de rabo abanando em seus componentes e mais de tédio e fleuma, ou coisa assim. O vira-lata ensina a ser feliz com pouco. Mesmo quem não tem nada pode ter um cão, desde que ele deixe. O bêbado e o louco conversam com um vira-lata de igual para igual. Ao menos esses conseguem se alçar à altura do cão. E este lhes lambe as mãos.
Veja a procissão de cães atrás de uma única cadela. Dinastias inteiras de vira-latas foram fecundadas e fundadas em madrugadas quando até o amor, esse item em extinção, era dividido.
Vira-latas há aos montes por aí. E não tem um que seja igual ao outro. Parecidos, às vezes. Em sua miscelânea genética, ele é antes de tudo um forte. Nunca precisou de vacina pra sobreviver.
Quando perguntam por aí: se você fosse um bicho qual seria?, todos respondem coisas como águia, leão ou tigre. Eu demorei pra descobrir, mas hoje eu respondo de boca-cheia.
Se eu fosse um bicho, eu seria um vira-lata. Desses amarelos.

terça-feira, abril 15, 2008


"Se pensas que não podemos salvar a todos,

e que diferença alguém pode fazer?

Precisas conhecer a alegria daquele que é salvo.
Lamente pelos que não podemos salvar.
Em louvor à sua existência, não deixe que sua perda seja em vão."

Jim Willis, norte americano, é escritor e protetor de animais.
Escreveu o livro 'Pieces of My Heart', inspirado nos animais e na natureza.

segunda-feira, abril 14, 2008



Se não pode juntar-se a eles, vença-os.

quarta-feira, abril 09, 2008

Aedes aegypti



"Mobilizar enquanto a epidemia está nas manchetes é fácil.
O perigo voltará quando o Aedes aegypti momentanemente deixar de incomodar os governantes.


Editorial “O ano inteiro”, sobre o anúncio de medidas de combate ao mosquito da dengue pelo governador do RJ, Sérgio Cabral (O Globo, 09/04/08)

segunda-feira, abril 07, 2008

Estado arquitetado

Especialistas concordam sobre a dificuldade de controlar doenças que sempre foram endêmicas no País, mas traçam um histórico do descaso do poder público com o controle dessas enfermidades.

“Existem doenças que estão diretamente ligadas à falta de ação do Estado, outras têm no substrato social o meio de cultura favorável para existirem”, diz o médico Luciano Toledo, professor da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), no Rio, e ex-diretor da unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manaus.
Em meio à pobreza e longe da atuação do Estado. Nesses lugares, a maioria das doenças infecto-contagiosas - que persistem no Brasil há mais de um século - costuma aparecer. Não são exclusividade das camadas mais pobres da população, mas encontram nas más condições sanitárias e na falta de atenção do Poder Público uma forma de se manter.

Some a isso a ocupação desordenada do espaço urbano e de áreas próximas a florestas e beiras de rios, por exemplo. Não falta mais nada para doenças como malária, dengue, leishmaniose, tuberculose, Chagas e até mesmo hanseníase continuarem a atingir todos os anos um grande número de brasileiros.
Segundo o antropólogo Cláudio Bertolli, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o que se assiste hoje no Brasil é o resultado de um Estado arquitetado para atender apenas as necessidades das elites. “Essas doenças não afetam diretamente as atividades econômicas e o próprio Ministério da Saúde sempre foi usado como moeda de troca na maioria dos governos”, diz.

Cecília Meirelles

" No mistério do Sem-Fim, equilibra-se um planeta... E, no planeta, um jardim, e, no jardim, um canteiro, no canteiro, uma violeta, e, sobre ela, o dia inteiro, entre o planeta e o Sem-Fim, a asa de uma borboleta."

terça-feira, abril 01, 2008

Dialogar, dialogar....

Diálogo e bom senso são o caminho correto contra divergências.

I have a dream




Martin Luther King, Jr.

28 de agosto de 1963 Washington, D.C.



Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de Indepêndencia, estavam assinando uma nota promissória de que todo norte americano seria herdeiro. Esta nota foi a promessa de que todos os homens, sim, homens negros assim como homens brancos, teriam garantidos os inalienáveis direitos à vida, liberdade e busca de felicidade.Mas existe algo que preciso dizer à minha gente, que se encontra no cálido limiar que leva ao templo da Justiça. No processo de consecução de nosso legítimo lugar, precisamos não ser culpados de atos errados. Não procuremos satisfazer a nossa sede de liberdade bebendo na taça da amargura e do ódio. Precisamos conduzir nossa luta, para sempre, no alto plano da dignidade e da disciplina. Precisamos não permitir que nosso protesto criativo gere violência físicas. Muitas vezes, precisamos elevar-nos às majestosas alturas do encontro da força física com a força da alma; e a maravilhosa e nova combatividade que engolfou a comunidade negra não deve levar-nos à desconfiança de todas as pessoas brancas. Isto porque muitos de nossos irmãos brancos, como está evidenciado em sua presença hoje aqui, vieram a compreender que seu destino está ligado a nosso destino. E vieram a compreender que sua liberdade está inextricavelmente unida a nossa liberdade. Não podemos caminhar sozinhos. E quando caminhamos, precisamos assumir o compromisso de que sempre iremos adiante. Não podemos voltar.Digo-lhes hoje, meus amigos, embora nos defrontemos com as dificuldades de hoje e de amanhã, que eu ainda tenho um sonho. E um sonho profundamente enraizado no sonho norte americano.

Eu tenho um sonho de que um dia, esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seus princípios: “Achamos que estas verdades são evidentes por elas mesmas, que todos os homens são criados iguais”.

Eu tenho um sonho de que, um dia, nas rubras colinas da Geórgia, os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos senhores de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho de que, um dia, até mesmo o estado de Mississipi, um estado sufocado pelo calor da injustiça, será transformado num oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho de que meus quatro filhinhos, um dia, viverão numa nação onde não serão julgados pela cor de sua pele e sim pelo conteúdo de seu caráter.

Quando deixarmos soar a liberdade, quando a deixarmos soar em cada povoação e em cada lugarejo, em cada estado e em cada cidade, poderemos acelerar o advento daquele dia em que todos os filhos de Deus, homens negros e homens brancos, judeus e cristãos, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar com as palavras do antigo spiritual negro: “Livres, enfim. Livres, enfim. Agradecemos a Deus, todo poderoso, somos livres, enfim”.