Estado arquitetado
Especialistas concordam sobre a dificuldade de controlar doenças que sempre foram endêmicas no País, mas traçam um histórico do descaso do poder público com o controle dessas enfermidades.
“Existem doenças que estão diretamente ligadas à falta de ação do Estado, outras têm no substrato social o meio de cultura favorável para existirem”, diz o médico Luciano Toledo, professor da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), no Rio, e ex-diretor da unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manaus.
Em meio à pobreza e longe da atuação do Estado. Nesses lugares, a maioria das doenças infecto-contagiosas - que persistem no Brasil há mais de um século - costuma aparecer. Não são exclusividade das camadas mais pobres da população, mas encontram nas más condições sanitárias e na falta de atenção do Poder Público uma forma de se manter.
Some a isso a ocupação desordenada do espaço urbano e de áreas próximas a florestas e beiras de rios, por exemplo. Não falta mais nada para doenças como malária, dengue, leishmaniose, tuberculose, Chagas e até mesmo hanseníase continuarem a atingir todos os anos um grande número de brasileiros.
Segundo o antropólogo Cláudio Bertolli, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o que se assiste hoje no Brasil é o resultado de um Estado arquitetado para atender apenas as necessidades das elites. “Essas doenças não afetam diretamente as atividades econômicas e o próprio Ministério da Saúde sempre foi usado como moeda de troca na maioria dos governos”, diz.
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