Bichos meus

sexta-feira, março 14, 2008

Texto de Cesar Lattes na apresentação do CD Quanta, de Gilberto Gil:

“Campinas, 5 de fevereiro de 1997

Prezado Gil,

Agradeço as atenções e remessas. Não tenho conhecimentos musicais que me permitam dar uma apreciação à altura do K7 que você me enviou. Posso dizer que gostei muito, assim como já havia apreciado toda a obra de Gilberto Gil que chegou ao meu conhecimento. Peço apenas que me permita dizer o sentido que a física dá atualmente a algumas palavras que você usou, com muita felicidade, mas que em alguns casos me parecem licença poética: O ‘Infinitésimo’ é uma ficção matemática. Quantum é o mínimo de ação (energia X tempo). O Quantum de Ação é mais real do que a maioria das grandezas físicas: seu valor não depende do movimento em relação ao observador. Tiraria ‘Quark’ que está na moda com ‘cromodinâmica quântica’, mas que só pode aparecer escondido. Não engoli ainda, apesar dos livros modernos e da Enciclopédia Britânica.

Sobre as letras:

Ciência e Arte: Comovido agradeço a atenção. A ciência se insemina subliminarmente. A ciência é uma irmã caçula (talvez bastarda) da arte: Camões pediu ajuda do engenho e da arte – não da ciência. Salomão diz que ‘ciência sem consciência não é senão a ruína da alma’ – a arte, não. Paro por aqui, porque Salomão também diz: ‘Não busques ser demasiado justo nem demasiado sábio: queres te arruinar?’. Para concluir cito um grande arquiteto: ‘Quando a ciência se cala, a arte fala’ (Artigas).

Com um abraço,

César Lattes”

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