Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, salientou que o modelo da universidade pública é muitas vezes visto com um certo “utilitarismo tecnológico” com duas vertentes básica:
- uma de direita, que defende o papel das universidades como geradoras de inovação para as empresas;
- e outra de esquerda, que vê a instituição pública como geradora de conhecimento para redução da pobreza.
“Não devemos perder de vista que o grande impacto que uma universidade tem em uma sociedade não vem das descobertas científicas feitas lá, mas dos estudantes que são educados na instituição”, afirmou.
Brito Cruz criticou um ranking de universidades chinesas que contabiliza números de artigos, prêmios recebidos, impactos das pesquisas, mas não cita quantos alunos são formados por aquelas instituições.
Para ele, as instituições de pesquisa governamentais com missão dirigida, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e o Instituto Agronômico de Campinas, por exemplo, são os locais mais privilegiados para o desenvolvimento da pesquisa aplicada.
“A missão das universidades é a educação com apoio da pesquisa. Claro que é importante que essa pesquisa tenha aplicações quando puder, mas não podemos avaliar a universidade pelas descobertas que ela vai gerar”, afirmou.
Brito Cruz apontou três relevâncias da ciência moderna que são importantes para a sociedade e chamou a atenção para a última.
“A ciência, por meio de suas descobertas, pode deixar o cidadão mais rico. Ela também pode deixar o cidadão mais saudável. Mas a terceira relevância, mais significativa e freqüentemente esquecida, é fazer o ser humano ficar mais sábio”, disse.
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