Bichos meus

terça-feira, dezembro 30, 2008

Receita de ano novo


Carlos Drummond de Andrade


Para você ganhar belíssimo Ano Novo cor do arco-íris, ou da cor da sua paz, Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) para você ganhar um ano não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo nas sementinhas do vir-a-ser; novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita, não precisa expedir nem receber mensagens (planta recebe mensagens? passa telegramas?)
Não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar arrependido pelas besteiras consumidas nem parvamente acreditar que por decreto de esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade, recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.

domingo, dezembro 28, 2008

Ser feliz ou ter razão


Oito da noite numa avenida movimentada.O casal já está atrasado para jantar na casa de uns amigos.O endereço é novo, assim como o caminho que ela conferiu no mapa antes de sair.Ele dirige o carro.Ela orienta e pede para que vire, na próxima rua, à esquerda.Ele tem a certeza de que é à direita.Discutem.Percebendo que além de atrasados, poderão ficar mal humorados, ela deixa que ele decida.Ele vira à direita e percebe que estava errado.Embora com dificuldade, admite que insistiu no caminho errado, enquanto faz o retorno.Ela sorri e diz que não há problema algum em chegar alguns minutos mais tarde.Mas ele ainda quer saber:- Se você tinha tanta certeza de que eu estava tomando o caminho errado, deveria insistir um pouco mais.E ela diz:- Entre ter razão e ser feliz, prefiro ser feliz. Estávamos à beira de uma briga, se eu insistisse mais, teríamos estragado a noite.
MORAL DA HISTÓRIA:Esta pequena história foi contada por uma empresária durante uma palestra sobre simplicidade no mundo do trabalho. Ela usou a cena para ilustrar quanta energia nós gastamos apenas para demonstrar que temos razão, independentemente de tê-la ou não. Desde que ouvi esta história, tenho me perguntado com mais freqüência:

"Quero ser feliz ou ter razão?"Pensem nisso e sejam felizes !!!
E outro pensamento parecido diz o seguinte (melhor ainda) :
"Nunca se justifique. Os amigos não precisam e os inimigos não acreditam."

Um parasita do afeto humano

artigo de Fernando Reinach
[biólogo, professor titular do Instituto de Química da USP e diretor executivo da Votorantim Novos Negócios. Artigo publicado em "O Estado de SP"]
"Na medida em que o homem avançou sobre os diversos ecossistemas e aos poucos foi invadindo seu hábitat, eles foram caçados impiedosamente e hoje muitos já se extinguiram ou estão na lista das espécies em extinçãoQuando o meio ambiente se modifica, os seres vivos incapazes de se adaptar são extintos.Por esse motivo um dos aspectos mais interessantes da biologia são as estratégias utilizadas pelos animais para sobreviver em novos ambientes. Meu exemplo favorito é uma espécie que desenvolveu a capacidade de explorar nossa habilidade de dar e receber afeto. Utilizando sua capacidade de parasitar diretamente nossa mente, esse animal conseguiu garantir a sobrevivência de sua espécie.Como todo parasita, teve de abrir mão de sua liberdade, mas valeu a pena: da maneira como o homem vem alterando o planeta, provavelmente essa espécie será a última do seu grupo a se extinguir, pois associou definitivamente seu destino ao nosso. É o cão.Desde que o homem se espalhou pela Terra, os grandes carnívoros têm sofrido com nossa presença. No passado essas espécies competiam com o homem por alimentos, mas também se alimentavam de nossos ancestrais. São os leões, tigres e lobos.Na medida em que o homem avançou sobre os diversos ecossistemas e aos poucos foi invadindo seu hábitat, eles foram caçados impiedosamente e hoje muitos já se extinguiram ou estão na lista das espécies em extinção.A exceção é o cachorro, que foi capaz de adotar uma estratégia de sobrevivência exemplar, entregando seu destino ao pior inimigo. Provavelmente o homem primitivo domesticou o cachorro para aproveitar sua capacidade de vigilância, do mesmo modo que domesticou as vacas para obter leite e os cavalos para o transporte.Mas ao contrário desses animais, o cachorro teve a 'astúcia' de desenvolver uma relação direta com nossa capacidade de criar laços afetivos.Talvez isso tenha ocorrido por causa do olhar meigo ou da capacidade de balançar o rabo. Não importa, o fato é que esse foi provavelmente o animal que melhor explorou essa característica humana.Com o passar dos anos a função dos cães como guardas perdeu importância e eles corriam o risco de ter sua população reduzida, como ocorreu com os cavalos com o surgimento do automóvel. Mas sua conexão direta com o afeto humano tem garantido o contínuo crescimento da espécie.Nos países desenvolvidos, o homem criou e sustenta uma indústria de bilhões de dólares para suprir esses animais com comidas especiais, roupas, tratamento veterinário, hotelaria e até tratamento psicológico.Tamanha é a relação de parasitismo dessa espécie com nossa capacidade de dar afeto que nos países pobres, onde humanos passam fome, os cães competem com as crianças por comida.São poucas as sociedades em que esses animais são sacrificados para servirem de alimento.Mas para conquistar o privilégio de serem sustentados e protegidos pela espécie mais poderosa do planeta, eles tiveram de abrir mão de muitos privilégios, inclusive sua liberdade reprodutiva: muitas raças entregaram aos seus protetores a liberdade de escolher seus parceiros sexuais.O domínio que esses parasitas exercem sobre o sistema amoroso de seus hospedeiros é de tal ordem que a maioria dos humanos realmente acredita que ama seus cães.É impressionante o sucesso da estratégia evolutiva dessa espécie, talvez o único caso em que um parasita controla a mente de seu hospedeiro. Reconhecer esse fato só faz aumentar minha admiração pelos cães."

sábado, dezembro 27, 2008

Meus Avós - Luciano Pires - jornalista

26.12.2008

Meus avós

"Desde que eu era criança em Bauru e até meus 45 anos de idade mais ou menos, todo Natal era especial. Meus avós, seu Duarte e Dona Dora faziam questão de reunir a família durante as festas de final de ano. Era uma grande bagunça, entre vinte e trinta pessoas nos almoços e jantares festivos, com a leitoa e o creme do Vô, os bate-papos, a entrega dos presentes e do envelope com dinheiro para cada filho, neto e bisneto. Uma grande farra.
Eu ficava fascinado vendo aquele monte de tios e tias trabalhando para a festa. A Vó matando a galinha, a mãe fazendo a sobremesa, o tio mudando os móveis de lugar. E todo mundo espremido numa casa onde quase não cabia todo mundo. Ninguém reclamava, era uma grande festa que durava pelo menos dois dias: do jantar do dia 24 para o almoço do dia 25. E emendando com o dia 31, claro!
Mas um dia Vô Duarte morreu. E logo em seguida a Vó Dora se foi. Sem os dois para servir como nosso Norte, como os elementos de atração, como a autoridade que todos respeitávamos, cada um foi para seu canto e nunca mais a família se reuniu. Eventualmente nos encontramos numa ocasião especial, um casamento ou velório, mas é só. Nunca mais.
Essa deve ser a dinâmica natural das famílias, não é? Com a morte dos avós, a família desagrega e forma outros núcleos, onde novos avós vão se tornar o centro das reuniões e assim vai de geração em geração.

Mas será?
Muitas pesquisas já demonstraram que estamos muito melhor que nossos pais e avós estavam quando tinham nossas idades. Se você comparar um pobre de hoje com um rico da Idade Média verá que temos uma condição de vida infinitamente melhor em termos de conforto, expectativa de vida, acesso à cultura e educação. É claro que falo de forma geral, sem aquela babaquice ideológica que diz que “nunca estivemos tão mal”. Esse “estar melhor” quer dizer que deveríamos ter mais tempo e mais dinheiro para investir nos momentos de reunir a família e os amigos, não é?Mas aquelas festas generosas parece que não existem mais. Ninguém tem mais saco de enfrentar as horas e mais horas de cozinha, a tonelada de louça, as roupas de cama e toalhas para lavar depois. E o dinheiro que custa uma reunião dessas? A tremenda quebra da rotina que aquelas reuniões significavam é hoje um tabu. Ninguém mais quer encarar incômodos. Estamos ocupados demais, cansados demais, apressados demais...Estamos perdendo aquilo que o cientista político e professor norte-americano Robert Putnan definiu como "capital social": nos últimos quarenta anos assistimos a redução do envolvimento cívico e político, dos laços sociais informais, da tolerância e da confiança. Passamos menos tempo com os amigos, freqüentamos menos clubes, nos afastamos da política, dedicamos horas e horas à televisão (e agora internet) e recebemos pela mídia uma carga diária de catástrofes que nos transformam em indivíduos medrosos, descrentes e desconfiados.
Nesse ambiente perdemos a capacidade de interagir socialmente. “Interação social” passa a valer a pena só quando dá lucro.
E é então que o Vô Duarte e a Vó Dora fazem uma tremenda falta.
Pois quer saber? Tá na hora de eu assumir o lugar deles."

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Pobres Coitados

David Coimbra 25/12/2008

O brasileiro é um coitadinho. Eis a característica que unifica um povo tão diverso. Porque o brasileiro pode ser qualquer um: pode ser alto ou baixo ou de altura mediana, pode ser loiro ou negro ou mulato ou moreno, pode ser turco, japonês, alemão, africano. O brasileiro pode ter qualquer aparência, e não é por outro motivo que o passaporte brasileiro é o mais cobiçado pelos escroques internacionais. Mas todo brasileiro se sente um coitado. Todo brasileiro se acha injustiçado. Os chefes dos brasileiros são incompetentes e os perseguem. Os policiais os oprimem. Os governos são ainda piores: extorquem empresários e trabalhadores, e se esquecem do povo. Ah, o povo. O brasileiro sempre fala no povo como uma gigantesca e impalpável entidade subalterna a outra entidade não tão gigantesca, mas igualmente impalpável: a malévola “Eles”. “Eles” se aproveitam da ingenuidade do povo, “Eles” são corruptos, “Eles” é que estragam um país tão rico e belo, “Eles” não sabem aproveitar as qualidades dessa gente inzoneira, feliz e criativa. Quem são Eles? Os governantes, os chefes, as autoridades. A responsabilidade é toda deles. O brasileiro ganha mal? A culpa é do patrão que o explora. Mora mal? Por causa do Estado, que não financia a Habitação. As filas, a violência urbana, a sujeira das cidades, a carestia – Eles são culpados. A razão do problema nunca está no brasileiro, está fora dele. Agora mesmo, milhares de brasileiros foram vitimados pelas enchentes em Santa Catarina, e parece que neste caso não dá para atribuir a culpa a ninguém, senão à Natureza inclemente. Aí, como reagiram alguns brasileiros à tragédia que martiriza seus semelhantes? Comerciantes aumentaram os preços dos alimentos e da água potável – li que um litro de água chega a ser vendido a R$ 14. Flagelados não abandonam suas casas com medo de que sejam arrombadas. Depósitos de mercadorias estão sendo atacados. Vi fotos de gente levando produtos de saque pela rua dentro dos próprios carrinhos dos supermercados. Não eram alimentos. Eram TVs de tela plana, eletrodomésticos e bebidas alcoólicas. Uma farra. Para arrematar a festa, os caminhões que tombam nas estradas são saqueados pelas comunidades lindeiras às rodovias e pelos outros motoristas. É o brasileiro que faz tudo isso. Não são os chefes, nem os patrões, nem os governantes que estão espoliando flagelados, roubando motoristas acidentados ou invadindo casas, supermercados e depósitos. Não são “Eles”. É o brasileiro. O povo. Por sua conta e iniciativa, sem que ninguém ordene ou o obrigue. O que são essas pessoas que saqueiam caminhões tombados ou casas abandonadas? Não são oportunistas. São ladrões vulgares. O que são os homens que aumentam o preço da água potável que saciará a sede dos flagelados? Exploradores cruéis. Não são coitadinhos. São mesquinhos, gananciosos e desprezíveis. São grosseiros, velhacos e baixos. São a ralé. A escória da raça humana. São grande parte do povo brasileiro.

Richard Gere



"Como zeladores do planeta, é nossa responsabilidade lidar com todas as espécies com carinho, amor e compaixão. As crueldades que os animais sofrem pelas mãos dos homens está além do nossa compreensão. Por favor, ajude a parar com esta loucura."

Arthur Schopenhauer


"A compaixão pelos animais está intimamente ligada a bondade de caráter,
e pode ser seguramente afirmado que
quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem."

Brigitte Bardot

"Quando se é capaz de lutar por animais, também se é capaz de lutar por crianças e idosos.
Não há bons ou maus combates,
existe somente o horror ao sofrimento aplicado aos mais fracos, que não podem se defender."

quarta-feira, dezembro 24, 2008

2009 - Esperança

Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E - ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Mario Quintana

Mude

Mude
mas comece devagar,
porque a direção é mais importante
que a velocidade.

Sente-se em outra cadeira,
no outro lugar da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.

Quando sair,
Procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho,
ande por outras ruas,
calmamente,...

Clarice Lispector

AbrAUços da Carmem

www.bichosdocampus.ufrgs.br

Sonhe

"Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida
e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz."

Clarisse Lispector

AbrAUços da Carmem
www.bichosdocampus.ufrgs.br

sábado, dezembro 20, 2008

O Mapa - Mario Quintana

Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(É nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar (Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Latinos

La palabra “latino” proviene de una tribu de la antigua Italia llamada los latinos. Su lenguaje era el latín, el cual se esparció a través de todo el imperio romano, llegando a convertirse en la raíz de las denominadas lenguas romance, conformadas por el italiano, español, portugués, rumano y francés. En la antigua Europa la gente proveniente de estos países también fue conocida por el gentilicio de “latinos”.

La palabra latino, se traduce al inglés como “latin”. El diccionario portugués define latino como relacionado a los nativos de naciones de habla romance influenciados por civilizaciones romanas. El diccionario italiano define al latino como procedente de los antiguos latinos y romanos, que usaban el latín como su lenguaje original. El diccionario de la Real Academia de la Lengua Española lo define como la persona procedente de naciones europeas y americanas donde se hablan lenguas romance. En conclusión podemos decir que Italia, España, Francia, Rumania y Portugal, son naciones latinas, al igual que México, Centro y Sudamérica. Pero sólo España, México, Centro y Sudamérica (con excepción de Brasil) así como Cuba y Puerto Rico, son países hispanos.
De acuerdo al último censo, de los 281.4 millones de personas que residen en Estados Unidos, 35.3 millones (o 13% de la población total) son hispanos. La comunidad hispana creció en aproximadamente 60% en la última década. Los hispanos constituyen ahora la minoría más grande en los Estados Unidos y las proyecciones indican que alcanzará 52.7 millones para el año 2020. En el año 2040 llegaremos a ser 80.2 millones de personas y 96.5 millones para el año 2050. Para ese entonces se espera que los hispanos constituyan el 24.5% (o la cuarta parte) de la población total de los Estados Unidos. Si seguimos observando las estadísticas ...

Decía mi madre

'hija mía, enseña las piernas ahora que estás viva'
Sigo siendo muy espectacular.

terça-feira, dezembro 16, 2008

Cat Stevens

"I love my dog as much as I love you.
But yours may fade, my dog's will always come through".

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

"Eu amo meu cachorro tanto quanto te amo.
Mas o teu amor pode falhar e o dele não".

(livre tradução de estrofe de Cat Stevens)


segunda-feira, dezembro 15, 2008

Cercado pelo barulho

Michael ficou viciado em fones de ouvido na adolescência. Andou pelas ruas do Brooklyn diaapós dia com as músicas favoritas entrando direto em seus ouvidos.

Quando tinha cerca de 20 anos, as células sensoriais no ouvido interno tinham sido permanentemente danificadas e Michael perdeu grande parte da audição.

De acordo com o Instituto de Audição das Crianças, é cada vez maior a perda de audição entre as crianças e jovens adultos nos Estados Unidos, e um terço do problema é causado pelo barulho.

A cada oito crianças, uma tem perda de audição por causa do barulho, segundo a Academia Americana de Audiologia. Isso significa que 5 milhões de crianças têm uma deficiência, capaz de ser evitada, que vai acompanhá-los para o resto da vida.

A academia iniciou uma campanha para evitar que gerações atuais e futuras de jovens prejudiquem a audição.

Geralmente, o problema não é detectado até que as crianças desenvolvam um zumbido persistente nos ouvidos ou comecem a ter problemas de comportamento e de aprendizado na escola por não entenderem direito o que os professores falam.

Apesar de recém-nascidos serem examinados rotineiramente para checar a perda de audição, não há ordem federal para examinar a audição de crianças em idade escolar. Os exames feitos geralmente falham na hora de verificar a audição em volumes de som suficientemente altos, destacou uma equipe de pesquisa federal no jornal Pediatrics.


Vivemos num mundo barulhento. Jovens e idosos são bombardeados por sons sobre os quais talvez tenham pouco ou nenhum controle: cortadores de gramas, ventiladores, alarmes de casas e carros, sirenes, motocicletas, jet skis, alto-falantes, e até mesmo pré-estréias de filmes.

Vamos a shows de rock, casamentos, festas e eventos esportivos nos quais a música é tão alta que dificilmente se consegue ouvir a pessoa sentada próxima a você. Em casa, televisões, aparelhos de som e jogos de computador são tão altos que as pessoas não conseguem ouvir a campainha da porta ou mesmo um telefone.

Muitos restaurantes modernos optaram por aumentar em vez de reduzir o barulho. E tente ter uma conversa numa lanchonete de uma escola na hora do recreio. Toda vez que você precisa gritar para ser ouvido por alguém próximo, sua audição pode estar em perigo.

Como se barulho ambiente não fosse suficiente, agora presenteamos as crianças com brinquedos barulhentos e aparelhos de som pessoais que podem afetar a audição.

Brinquedos que atendem os padrões de segurança da Sociedade Americana de Testes e Materiais podem produzir som até 138 decibéis, tão alto quanto um jatinho decolando. Além disso, as regras dos locais de trabalho exigem proteção auditiva para aqueles expostos a barulho acima de 85 decibéis.

Uma série de estudos conduzidos em 2002 com 116 crianças por pesquisadores da Johns Hopkins indicou que até mesmo barulho moderado pode interferir em como aprendem uma língua.

O efeito de uma casa barulhenta na audição de bebês é semelhante ao que uma pessoa mais velha com perda de audição relacionada à idade encontra numa festa cheia.

Um estudo de 1975 descobriu que as crianças nas salas de aula no lado mais barulhento de uma escola tinham notas mais baixas do que as que estavam no lado silencioso.

A perda de audição devido ao barulho pode vir de duas formas: a partir de uma breve exposição a um som muito alto ou a partir de exposição freqüente a sons de níveis moderados. Conseqüentemente, há muita preocupação com os duradouros efeitos dos tocadores de MP3 que ficam altos o suficiente para bloquear o som ao redor, como o barulho das ruas.

Um tocador de MP3 num volume máximo produz cerca de 105 decibéis - 100 vezes mais intensos que os 85 decibéis, em que o dano à audição começa. (Para cada 10 decibéis, a intensidade do som aumenta dez vezes).

O Instituto Nacional de Segurança Ocupacional e Saúde diz que 110 decibéis prejudicam a audição depois de um minuto e 29 segundos de exposição. A Liga de Dificuldades de Audição alerta que os níveis acima de 85 decibéis vão danificar a audição com o tempo e que os acima de 140 decibéis (nível que causa dor) prejudicam a audição depois de uma exposição.
(Fonte: The New York Times / JB Online)

sábado, dezembro 13, 2008

Brasil: Anos de chumbo



Não foi fácil....

No dia 13 de dezembro de 1968, há 40 anos, o governo do "presidente" militar Costa e Silva baixava o Ato Institucional nº5. O decreto, que vigoraria por prazo indefinido, dava ao presidente com o poder de cassar políticos, fechar o Congresso, suspender o habeas corpus, impor censura prévia à imprensa, aposentar compulsoriamente professores universitários e prender dissidentes.
Naquela sexta-feira 13, ficaram para trás o mundo das passeatas, da irreverência anárquica, dos festivais de música e do tropicalismo e se intensificaram as cassações, o exílio, a tortura e a censura. A repressão passou a ser a regra do jogo a partir do episódio, que ficou conhecido como "o golpe dentro do golpe".

Crise. Que crise?

QUANDO AS MONTADORAS AMERICANAS foram bater na porta do governo americano, pedir US$ 34 bilhões para salvá-las da bancarrota, uma saia-justa quase melou todo o processo.

Os presidentes da GM e da Chrysler chegaram em Washington, de cara amarrada e munidos de um discurso catastrofista, após desembarcarem de seus jatinhos de luxo de US$ 35 milhões, numa viagem regada a uísque 25 anos. Só para tirar a aeronave do hangar, a GM gastou R$ 40 mil – 50 vezes o preço de uma passagem econômica local.

Foi um escândalo tamanho que um senador, em plena audiência com os executivos, perguntou se algum deles aceitaria vender os jatinhos para reforçar o caixa das empresas.

Nenhum dos CEOs levantou a mão. Dias depois, as aeronaves estavam à venda. O episódio, entre dramático e folclórico, ilustra como as companhias no mundo precisam se adaptar aos novos tempos, marcados pelo aperto na liquidez e pelo sumiço dos consumidores.


sexta-feira, dezembro 12, 2008

Grandes Verdades

“Conseguimos formar grandes profissionais dentro de um modelo de país rico, mas pouco voltados para a nossa realidade, sempre acobertada, sempre escondida, sempre negada. Alguns cientistas que tentaram construir uma ciência a partir da realidade vivida foram, de certa forma, negados como se fossem cientistas de segunda categoria.”
“Somos um país de contrastes, que nunca conseguiu ser sujeito de sua própria história, nunca pôde atender às necessidades de sua população como um todo e, por isso mesmo, desenvolveu uma ideologia explicativa da desigualdade social como inerente a toda e qualquer sociedade, fruto do clima, da raça, da mestiçagem ou mesmo dos desígnios divinos.”
Anna Maria de Castro, socióloga da UFRJ e filha de Josué de Castro, três vezes indicado ao Prêmio Nobel da Paz (Ciência Hoje, edição de dezembro 2008)

Na crise não perca seu cachorro-quente

" Um homem vivia na beira da estrada e vendia cachorro-quentes. Não tinha rádio e, por deficiência de vista , não podia ler jornais, mas, em compensação, vendia bons cachorro-quentes. Colocou um cartaz na beira da estrada , anunciando a mercadoria, e ficou por ali, gritando quando alguém passava: Olha o cachorro-quente especial!!
E as pessoas compravam. Com isso, aumentou os pedidos de pão e salsichas, e acabou construindo uma boa mercearia.
Então, mandou buscar o filho, que estudava na universidade (paga pelos cachorros-quentes), para ajudá-lo a tocar o negócio, e alguma coisa aconteceu.
O filho veio e disse: Papai, o senhor não tem ouvido rádio? Não tem lido jornais? Há uma crise muito séria, e a situação internacional é perigosíssima!
Diante disso, o pai pensou: Meu filho estudou na universidade! Ouve rádio e lê jornais, portanto deve saber o que está dizendo!
E então reduziu os pedidos de pão e salsichas, mudou de fornecedor (produtos mais baratos e de qualidade inferior), tirou o cartaz da beira da estrada, e não ficou por ali, apregoando os seus cachorro-quentes. As vendas caíram do dia para a noite, e ele disse ao filho, convencido: "Você tinha razão, meu filho, a crise é muito séria!"
APRENDAMOS UMA GRANDE LIÇÃO : VIVEMOS EM UM MUNDO CONTAMINADO DE MÁS NOTICIAS E SE NÃO TOMARMOS O DEVIDO CUIDADO, ESSAS MÁS NOTICIAS NOS INFLUENCIARÃO A PONTO DE ROUBAR A NOSSA FELICIDADE E PROSPERIDADE DE NOSSOS NEGÓCIOS, ENFIM ARRUINANDO NOSSA VIDA.
Fonte: O original foi publicado em 24 de fevereiro de 1958 em um anúncio da Quaker State Metais Co. Em novembro de 1990 foi divulgado pela agência ELLCE, de São Paulo.




http://www.alegrete.com.br

Ideologia explicativa da desigualdade


“Conseguimos formar grandes profissionais dentro de um modelo de país rico, mas pouco voltados para a nossa realidade, sempre acobertada, sempre escondida, sempre negada. Alguns cientistas que tentaram construir uma ciência a partir da realidade vivida foram, de certa forma, negados como se fossem cientistas de segunda categoria.”

“Somos um país de contrastes, que nunca conseguiu ser sujeito de sua própria história, nunca pôde atender às necessidades de sua população como um todo e, por isso mesmo, desenvolveu uma ideologia explicativa da desigualdade social como inerente a toda e qualquer sociedade, fruto do clima, da raça, da mestiçagem ou mesmo dos desígnios divinos.”


Anna Maria de Castro, socióloga da UFRJ e filha de Josué de Castro, três vezes indicado ao Prêmio Nobel da Paz (Ciência Hoje, edição de dezembro 2008)

Todos pela Educação





http://www.todospelaeducacao.org.br

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Invisibilidade Social

*TESE DE MESTRADO NA USP por um PSICÓLOGO "O HOMEM TORNA-SE TUDO OU NADA, CONFORME A EDUCAÇÃO QUE RECEBE" Plínio Delphino, Diário de São Paulo.

Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da \'invisibilidade pública\'. Ele comprovou que, em geral, as pessoas enxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionado sob esse critério, vira mera sombra social.

"Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível "
O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo. Ali, constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são \'seres invisíveis, sem nome\'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiu comprovar a existência da \'invisibilidade pública\', ou seja, uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa. Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário de R$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior lição de sua vida: 'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um sopro de vida, um sinal da própria existência\', explica o pesquisador. O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e não como um ser humano. \'Professores que me abraçavam nos corredores da USP passavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes, esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam me ignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão\', diz. No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinha caneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outra classe, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, alguns se aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixo pegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade e serviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava num grupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca apreciei o sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, e claro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas de refrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tem barata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada, parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse: \'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?\' E eu bebi. Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversar comigo, a contar piada, brincar. O que você sentiu na pele, trabalhando como gari? Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aí eu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei pelo andar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei na biblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passei em frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo esse trajeto e ninguém em absoluto me viu. Eu tive uma sensação muito ruim. O meu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa da cabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar, não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado. E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou? Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também a situações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor se aproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passar por mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivesse passando por um poste, uma árvore, um orelhão. E quando você volta para casa, para seu mundo real? Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você está inserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acredito que essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esses homens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casa deles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador. Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles são tratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelo nome. São tratados como se fossem uma \'COISA\'.

Ser IGNORADO é uma das piores sensações que existem na vida!

domingo, dezembro 07, 2008

Um olhar sobre a Redenção


Desvendando a magia da Redenção

Já andei por diversos lugares. Nas minhas férias, sempre reservo alguns dias para fazer acampamento selvagem em uma reserva ambiental aqui no Rio Grande do Sul. Fiz montanhismo e vi belas paisagens... Mas aqui, em meio ao centro urbano, onde vivo o dia-a-dia, a minha rotina de trabalho, o Bom Fim me faz feliz! Os minutos que passo pelas ruas do bairro ou na Redenção são essenciais. Me alegram os olhos e o coração, tornam meu dia melhor, e já pesaram na minha decisão entre sair ou não de onde trabalho (do ladinho da Redenção).Na Redenção, nos diferentes recantos do parque, se vê vida. No recanto oriental, tem um lago com carpas coloridas, tartarugas, e flores de lótus que brotam de dentro do lago, diferentes espécies de pássaros, como sabiás, canários, cardeais, joões-de-barro, quero-queros, bem-te-vis, entre tantos outros, vivem livremente pelo parque. Há também diferentes espécies de árvores, como ipês-roxos e amarelos, pau-brasil...As ruas são cheias de árvores, as pessoas que me parecem cultas, politizadas, simpáticas e desprovidas de preconceitos. O parque é onde acontece a parada livre de Porto Alegre... A Redenção do orquidário, do recanto oriental, do chimarrão, do lago dos pedalinhos, do espelho d’água, do Café do Lago, do auditório Araújo Vianna, do chafariz, do Bom Fim, da qualidade de vida...Um dia ainda farei uma exposição fotográfica ou algo do tipo, ‘Um olhar sobre a Redenção’ ou ‘Ver e viver com sensibilidade’.
Postado por: ANDRÉ DA SILVA AGUIAR - 06.12.08 - Jornal Zero Hora - Porto Alegre/RS - Brasil
Obs.: O Parque Farroupilha (também conhecido como Redenção) é um patrimônio ambiental de Porto Alegre e parte indissociável das histórias de cada citadino. Quem não percorreu suas trilhas, namorou em seus recantos e passeou com os pedalinhos ou as velhas bicicletas? Eleito como o local mais querido dos cidadãos, o Parque Farroupilha, administrado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, conquistou não só o coração da cidade, mas também o coração de todos os Porto-alegrenses.

sábado, dezembro 06, 2008

Pagamos o preço do descaso urbanístico

E as causas de fundo? Quais são?
Houve um rápido processo de urbanização do Brasil no século passado, sobretudo na segunda metade. As cidades cresceram rapidamente sem planejamento urbanístico, visto como frescura por administradores obreiros.
São Paulo tinha as suas marginais que inundavam todos os anos, problema que diminuiu bastante faz pouco tempo. O Rio padece a cada verão. As moradias em encostas em Belo Horizonte também. Até as tesourinhas do Plano Piloto de Brasília, aquelas passagens de nível que parecem autorama, são armadilhas em tempos de chuva --isso numa cidade com menos de 50 anos e que foi supostamente bem planejada. Todas as grandes cidades brasileiras sofrem com bueiros entupidos --e boa parte dessa culpa é de quem joga lixo na rede pluvial. Ligações clandestinas na rede de esgoto são uma mania nacional, não só dos pobres. Em Brasília, há construções de classe média alta jogando esgoto no Lago Paranoá.
O que se vê agora em Santa Catarina é uma repetição do que aconteceu no início dos anos 80. Passaram-se 30 anos, tempo suficiente para um planejamento urbanístico conseqüente produzir resultado.
A gente sabe que o cobertor é curto. Há uma briga danada pelos recursos dos orçamentos públicos. Num país com as carências do Brasil, o sujeito que tem um barracão no alto do morro está bem melhor do que aquele que dorme na sarjeta. Favelas e moradias irregulares viraram uma triste realidade.
Há ainda a corrupção, um problema endêmico no Brasil, mas muito menor hoje do que foi no passado. Obviamente, existem prioridades sociais, como melhorar nossos sistemas educacional e de saúde.
Dito isso, parece óbvio que o planejamento urbanístico deva virar uma prioridade dos administradores nos níveis federal, estadual e municipal. A ausência desse planejamento é a principal responsável por tragédias como a de Santa Catarina. É preciso pensar o crescimento das cidades. Dentro do possível, ordenar ou minimizar a bagunça que já existe. Fiscalizar construções irregulares não só de peixinhos, mas também dos tubarões. E oferecer uma alternativa razoável para quem tem um teto na beira do precipício.
Sem essas medidas, não adianta culpar o presidente, o governador, o prefeito, São Pedro e o aquecimento global. Mas adiantaria muito cobrar medidas dos três primeiros e pensar bastante antes de entupir com lixo a rede pluvial.

Kennedy Alencar, 41, colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília.