Educar para não plagiar : código de boas práticas científicas
Em 2010, os brasileiros reutilizaram 97,6% das latas vendidas; índice é maior do que muitos países desenvolvidos. |
Esta imagem magnífica foi fetia num dos últimos paraísos para os ursos. Trata-se do Parque Nacional de Katmai, no oeste do Alaska. Um gigantesco território, cheio de vales glaciares, de tundras e praias vulcânicas, onde abunda o alimento preferido: enormes colônias de salmão rosa do Pacífico. Daí provem a incrível serenidade que se percebe na postura dos tres ursos: não sabemos o que lhes atrai a atenção, mas certamente eles não temem nem natureza nem os homens.
27/9/2011 | |
Sul-africanos relatam desilusões com a Copa. Diálogo entre movimentos sociais quer alertar brasileiros | |
Um ano depois de terem sediado o Mundial de Futebol, sul-africanos contam como sociedade não se beneficiou do evento. Diálogo entre movimentos sociais quer alertar brasileiros para os riscos. A reportagem é de Nádia Pontes e publicado pelo sítio Deutsche Welle, 26-06-2011. Um ano depois da Copa do Mundo na África do Sul, movimentos de classe sul-africanos têm um parecer sobre como será o evento no Brasil, em 2014: "Os problemas no Brasil deverão ser muito piores. No caso brasileiro, há despejo em massa, muito dinheiro público sendo gasto. Haverá implicações sérias para a sociedade brasileira em termos econômicos". A advertência é de Eddie Cottle, do Building and Wood Worker´s International (BWI), federação internacional que reúne trabalhadores da construção civil. Isso não quer dizer, no entanto, que a experiência sul-africana tenha sido livre de incidentes. Cottle, que está lançando um livro sobre o legado da Copa 2010, diz que, embora ainda haja o sentimento de orgulho, a população vive uma grande desilusão. "Sediar um evento esportivo dessa magnitude fez com que as pessoas tivessem expectativas altas. Mas um ano depois, ficou claro que não houve ganhos econômicos de verdade." No fim das contas, a Copa do Mundo somou apenas 0,3% ao Produto Interno Bruto da África do Sul no ano passado, bem inferior à projeção inicial de 3%. Quando o evento acabou, os trabalhadores sul-africanos voltaram à vida de antes, sem sentir melhorias no cotidiano e sem terem mais oportunidades de emprego. "Ficou claro que a Copa do Mundo era um veículo para o setor privado lucrar", completa Cottle. Perda de oportunidades A troca de experiência entre os dois países emergentes acontece em níveis diferentes. Enquanto os governos dialogam numa esfera própria, os movimentos civis dos dois países tentam articular estratégias para que a sociedade também desfrute de benefícios duradouros. Nesta semana, representantes da BWI, da rede internacional StreetNet (que reúne vendedores ambulantes), brasileiros da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Fase (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional) além de acadêmicos, se encontram na Alemanha para discutir os ganhos sociais que um acontecimento como o Mundial de Futebol pode trazer. Nos dois casos, o planejamento para abrigar o evento esportivo terá "custos econômicos inacreditáveis que não são estimados", aponta Norbert Kersting, da Universidade de Münster, que estuda as implicações dos megaeventos. O especialista lembra que os governos sempre colocam muita expectativa de retorno no turismo. "Mas o turismo sozinho não segura uma economia, nós vemos agora os exemplos da Grécia e da Espanha. É preciso ter outros setores produtivos." Segundo um estudo do governo brasileiro, o país deve receber 600 mil turistas internacionais e arrecadar 3,9 bilhões de reais só com esses visitantes durante o evento. Em 2010, a África do Sul recebeu 373 mil turistas estrangeiros – por outro lado, 483 mil visitantes internacionais estiveram no país em 2007. Ainda há mais um agravante no caso da África, ressalta Kersting: o potencial de áreas que poderiam se desenvolver, como a têxtil, foi desperdiçado. "Toda a produção de camisas para a Copa 2010 foi feita na China, e não na África do Sul, por exemplo. O país-sede do evento poderia ter produzido os uniformes e a indústria poderia ter usado essa chance para seguir no mercado." Rumo a 2014 Para dar lugar aos estádios e expansão do sistema de transporte nas cidades-sede no Brasil, famílias estão sendo retiradas de comunidades carentes sem saberem exatamente que futuro as aguarda. "No Morro da Providência, no Rio de Janeiro, antes de as famílias serem despejadas, elas recebem um papel do governo que não tem sequer caráter oficial, dizendo a quantia que irão receber, ou a inclusão de um benefício", conta Rossana Tavares, da Fase. A arquiteta e técnica da entidade comenta que os atingidos pertencem à classe mais pobre e que, na maioria dos casos, as famílias são despejadas na calada da noite, não sabem a quem recorrer e o caso não aparece na mídia. "Ainda não sabemos exatamente o número de famílias deslocadas. Mas, só no Rio de Janeiro, estimamos que até agora 300 tenham sido despejadas", comentou Tavares. Ao mesmo tempo, comitês populares se formam nas cidades atingidas e tentam levar suas reivindicações até os governos. "É esse o caminho. E ganha a briga quem gritar mais forte", comentou Leonardo Vieira, da CUT, dizendo que os trabalhadores estão em constante negociação com setores privados e o governo em busca de melhores condições. Conta a pagar As reclamações dos sul-africanos, diz Cottle, não foram ouvidas a tempo. No caso dos custos dos estádios, por exemplo, a população sabia que se tratava de uma bomba-relógio. "Há poucas semanas, o ex-presidente da organização da Copa do Mundo na África do Sul pediu desculpas ao país porque os estádios não são sustentáveis como ele havia previsto no planejamento original", revelou Cottle. Como resultado, conta o líder da BWI, a administração federal planeja aumentar os impostos para arcar com os custos de manutenção de arenas esportivas. A de Cape Town custou aproximadamente 1 bilhão de reais. "Havia um estádio numa comunidade pobre de trabalhadores. Mas a Fifa não queria uma arena esportiva numa área pobre habitada por trabalhadores. Então um novo estádio foi construído do zero", adicionou Cottle, lembrando que história semelhante foi vista no Brasil. Para ler mais: |
primeira mulher a ascender à cúpula da magistratura, a então
desembargadora da justiça baiana, Eliana Calmon, foi indagada se teria
padrinhos políticos. "Se não tivesse não estaria aqui". Quiseram saber
quem eram seus padrinhos. A futura ministra do STJ respondeu na lata:
"Edison Lobão, Jader Barbalho e Antonio Carlos Magalhães".
Corria o ano de 1999. Os senadores eram os pilares da aliança que
havia reeleito o governo Fernando Henrique Cardoso. A futura ministra
contou ao repórter Rodrigo Haidar as reações: "Meu irmão disse que
pulou da cadeira e nem teve coragem de assistir ao restante da
sabatina. Houve quem dissesse que passei um atestado de imbecilidade".
Estava ali a sina da ministra que, doze anos depois, enfrentaria o
corporativismo da magistratura. "Naquele momento, declarei totalmente
minha independência. Eles não poderiam me pedir nada porque eu não
poderia atuar em nenhum processo nos quais eles estivessem. Então,
paguei a dívida e assumi o cargo sem pecado original."
Eliana Calmon nunca escondeu seus padrinhos
De lá pra cá, Eliana Calmon tem sido de uma franqueza desconcertante
sobre os males do Brasil. Muita toga, pouca justiça são.
Num tempo em que muito se fala da judicialização da política, Eliana
não perde tempo em discutir a politização do judiciário. É claro que a
justiça é política. A questão, levantada pela ministra em seu discurso
de posse no CNJ, é saber se está a serviço da cidadania.
A "rebelde que fala", como se denominou numa entrevista, chegou à
conclusão de que a melhor maneira de evitar o loteamento de sua toga
seria colocando a boca no trombone.
Aos 65 anos, 32 de magistratura, Eliana Calmon já falou sobre quase tudo.
- Filhos de ministros que advogam nos tribunais superiores: "Dizem que
têm trânsito na Corte e exibem isso a seus clientes. Não há lei que
resolva isso. É falta de caráter" (Veja, 28/09/2010).
- Corrupção na magistratura: "Começa embaixo. Não é incomum um
desembargador corrupto usar um juiz de primeira instância como escudo
para suas ações. Ele telefona para o juiz e lhe pede uma liminar, um
habeas-corpus ou uma sentença. Os que se sujeitam são candidatos
naturais a futuras promoções". (Idem)
- Morosidade: "Um órgão esfacelado do ponto de vista administrativo,
de funcionalidade e eficiência é campo fértil à corrupção. Começa-se a
vender facilidades em função das dificuldades. E quem não tem um amigo
para fazer um bilhetinho para um juiz?" (O Estado de S. Paulo,
30/09/2010).
Era, portanto, previsível que não enfrentasse calada a reação do
Supremo Tribunal Federal à sua dedicação em tempo integral a
desencavar o rabo preso da magistratura.
Primeiro mostrou que não devia satisfações aos padrinhos. Recrutou no
primeiro escalão da política maranhense alguns dos 40 indiciados da
Operação Navalha; determinou o afastamento de um desembargador
paraense; e fechou um instituto que, por mais de 20 anos, administrou
as finanças da justiça baiana.
No embate mais recente, a ministra foi acusada pelo presidente da
Corte, Cezar Peluso, de desacreditar a justiça por ter dito à
Associação Paulista de Jornais que havia bandidos escondidos atrás da
toga. Na réplica, Eliana Calmon disse que, na verdade, tentava
proteger a instituição de uma minoria de bandidos.
Ao postergar o julgamento da ação dos magistrados contra o CNJ, o
Supremo pareceu ter-se dado conta de que a ministra, por mais
encurralada que esteja por seus pares, não é minoritária na opinião
pública.
A última edição da pesquisa nacional que a Fundação Getúlio Vargas
divulga periodicamente sobre a confiança na Justiça tira a ministra do
isolamento a que Peluso tentou confiná-la com a nota, assinada por 12
dos 15 integrantes do CNJ, que condenou suas declarações.
Na lista das instituições em que a população diz, espontaneamente,
mais confiar, o Judiciário está em penúltimo lugar (ver tabela
abaixo). Entre aqueles que já usaram a Justiça a confiança é ainda
menor.
A mesma pesquisa indica que os entrevistados duvidam da honestidade do
Judiciário (64%), o consideram parcial (59%) e incompetente (53%).
O que mais surpreende no índice de confiança da FGV é que o Judiciário
tenha ficado abaixo do Congresso, cujo descrédito tem tido a decisiva
participação da Corte Suprema - tanto por assumir a função de legislar
temas em que julga haver omissão parlamentar, quanto no julgamento de
ações de condenação moral do Congresso, como a Lei da Ficha Limpa.
A base governista está tão desconectada do que importa que foi preciso
um senador de partido de fogo morto, Demóstenes Torres (DEM-TO), para
propor uma Emenda Constitucional que regulamenta os poderes do CNJ e o
coloca a salvo do corporativismo dos togados de plantão. "Só deputado
e senador têm que ter ficha limpa?", indagou o senador.
Ao contrário do Judiciário, os ficha suja do Congresso precisam
renovar seus salvo-conduto junto ao eleitorado a cada quatro anos.
O embate Peluso-Calmon reedita no Judiciário o embate que tem marcado
a modernização das instituições. Peluso tenta proteger as
corregedorias regionais do poder do CNJ.
Nem sempre o que é federal é mais moderno. O voto, universal e em
todas as instâncias, está aí para contrabalancear. Mas no Judiciário,
o contrapeso é o corporativismo. E em nada ajuda ao equilíbrio. Em
seis anos de existência, o CNJ já puniu 49 magistrados. A gestão
Eliana Calmon acelerou os processos. Vinte casos aguardam julgamento
este mês.Aliomar Baleeiro, jurista baiano que a ministra gosta de citar, dizia
que a Justiça não tem jeito porque "lobo não come lobo". A loba que
apareceu no pedaço viu que dificilmente daria conta da matilha
sozinha, aí decidiu uivar alto.