O desafio de impor limites
Zero Hora 28 de outubro de 2007 N° 15401
Uma das maiores dificuldades da escola, atualmente, tem sido a de fazer cumprir as regras de convivência escolar, demarcando limites e cobrando deveres, sem ferir os direitos de alunos e educadores.Claramente demarcadas no regimento da instituição, ratificadas na agenda escolar e sublinhadas em circulares dirigidas a toda a comunidade educativa, as regras ou direitos e deveres comparecem na escola em documentos ou comunicados formais e informais considerados reguladores da ordem.Por parte da escola, deve haver também uma preocupação que ultrapasse o esmero na elaboração escrita do rol de normas a serem acatadas. Na verdade, o trabalho formador deveria ser tão eficiente, que a concordância com as regras seria uma conseqüência natural para uma população escolar entendedora dos mais simples princípios de convivência harmônica.Convém observarmos com muito cuidado a maneira como estamos construindo essa harmonia e quais os espaços e convites que fazemos a nossos alunos para uma discussão saudável sobre como agir com liberdade responsável no dia-a-dia.A tarefa mais urgente no meio escolar é trabalhar preventivamente, formando opiniões com base em critérios conscientes e justos. Com a intensidade de problemas disciplinares muitas vezes os orientadores e disciplinadores canalizam toda sua atenção para a contenção imediata dos eventos inadequados. Assim, a situação, com enorme desgaste dos educadores envolvidos, é resolvida superficialmente. Aparentemente a solução está direcionada para a finalização do caso, com a contenção devida.No entanto, esses mesmos educadores externam sua preocupação e seu nível de insatisfação com relação à adequação dos procedimentos adotados. Há um questionamento que emerge desse grupo e o inquieta, sobre quais as melhores condutas educativas na solução de conflitos surgidos.O problema orbita em torno das condições do entendimento e da aceitação dos limites definidos nas indicações de condutas desejáveis, na maioria das vezes carregados de parcialidade e de leituras tendenciosas que visam sempre beneficiar os maiores implicados.Analisando o cenário social emergente nos mais variados níveis de ação, deparamos com uma abundância de modelos desprovidos de ética, de honestidade e de senso de justiça. São esses os tipos humanos que habitam nosso meio circundante, oferecendo vantagens, lucros e prazeres à custa de qualquer preço. Não resta dúvida que são modelos atraentes para nossos adolescentes carregados de carências e histórias mal resolvidas, convivendo com duras realidades, privados da presença amorosa e firme dos pais e limitados a contatos virtuais com seus pares.Entre as demandas desse multifacetado cenário, podemos mencionar o uso do celular na sala de aula, matéria ora pautada nas ações legislativas de nossa cidade exige também um posicionamento firme da escola e da família. Convém ressaltar que não se trata da proibição pela proibição, mas da conscientização do uso apropriado de tal aparelho nos diversos ambientes.À aprovação da lei, agreguem-se medidas esclarecedoras e incentivadoras de um discernimento por parte do aluno, para que se decida sobre as melhores formas de comunicação. Só assim entendemos o sucesso das abordagens educativas, que terão os efeitos desejados, porque carregam em suas práticas condutas claras e objetivas, diante dos inúmeros e confusos apelos do mundo.O desafio é contornado por uma linha muito tênue que divide o limite entre a correção e o constrangimento. Se por um lado somos complacentes, temendo humilhar ou constranger o implicado, por outro corremos o risco de levá-lo a entender que sempre haverá um adulto permissivo e protetor a lhe conceder espaço para errar.Mais do que nunca é importante fazer a correção, de forma fraterna que denote um amor exigente, disposto a corrigir com medidas apropriadas, geradoras de novas reflexões sobre erros cometidos.Sabemos que o caminho é traçar ações socioeducativas que levem em conta a participação do aluno e lhe propicie provocações a ponto de transformar, por si próprio, o comportamento indesejável. É preciso salientar que tais medidas só terão efeito se família e escola as tomarem em concordância, corroborando em idéias e ações que contribuam para a melhora do quadro apresentado.Qualquer vacilo por parte de quem educa (escola/família) contribui para o reforço de atitudes contrárias ao esperado. É necessário tomar decisões e não voltar atrás, pensando muito antes de divulgá-las. Uma vez expressas, é preciso cumpri-las em sua íntegra. Assim, a firmeza dessa atitude de correção trará segurança e confiança àqueles que necessitam de um limite visível que balize suas condutas cotidianas.
Uma das maiores dificuldades da escola, atualmente, tem sido a de fazer cumprir as regras de convivência escolar, demarcando limites e cobrando deveres, sem ferir os direitos de alunos e educadores.Claramente demarcadas no regimento da instituição, ratificadas na agenda escolar e sublinhadas em circulares dirigidas a toda a comunidade educativa, as regras ou direitos e deveres comparecem na escola em documentos ou comunicados formais e informais considerados reguladores da ordem.Por parte da escola, deve haver também uma preocupação que ultrapasse o esmero na elaboração escrita do rol de normas a serem acatadas. Na verdade, o trabalho formador deveria ser tão eficiente, que a concordância com as regras seria uma conseqüência natural para uma população escolar entendedora dos mais simples princípios de convivência harmônica.Convém observarmos com muito cuidado a maneira como estamos construindo essa harmonia e quais os espaços e convites que fazemos a nossos alunos para uma discussão saudável sobre como agir com liberdade responsável no dia-a-dia.A tarefa mais urgente no meio escolar é trabalhar preventivamente, formando opiniões com base em critérios conscientes e justos. Com a intensidade de problemas disciplinares muitas vezes os orientadores e disciplinadores canalizam toda sua atenção para a contenção imediata dos eventos inadequados. Assim, a situação, com enorme desgaste dos educadores envolvidos, é resolvida superficialmente. Aparentemente a solução está direcionada para a finalização do caso, com a contenção devida.No entanto, esses mesmos educadores externam sua preocupação e seu nível de insatisfação com relação à adequação dos procedimentos adotados. Há um questionamento que emerge desse grupo e o inquieta, sobre quais as melhores condutas educativas na solução de conflitos surgidos.O problema orbita em torno das condições do entendimento e da aceitação dos limites definidos nas indicações de condutas desejáveis, na maioria das vezes carregados de parcialidade e de leituras tendenciosas que visam sempre beneficiar os maiores implicados.Analisando o cenário social emergente nos mais variados níveis de ação, deparamos com uma abundância de modelos desprovidos de ética, de honestidade e de senso de justiça. São esses os tipos humanos que habitam nosso meio circundante, oferecendo vantagens, lucros e prazeres à custa de qualquer preço. Não resta dúvida que são modelos atraentes para nossos adolescentes carregados de carências e histórias mal resolvidas, convivendo com duras realidades, privados da presença amorosa e firme dos pais e limitados a contatos virtuais com seus pares.Entre as demandas desse multifacetado cenário, podemos mencionar o uso do celular na sala de aula, matéria ora pautada nas ações legislativas de nossa cidade exige também um posicionamento firme da escola e da família. Convém ressaltar que não se trata da proibição pela proibição, mas da conscientização do uso apropriado de tal aparelho nos diversos ambientes.À aprovação da lei, agreguem-se medidas esclarecedoras e incentivadoras de um discernimento por parte do aluno, para que se decida sobre as melhores formas de comunicação. Só assim entendemos o sucesso das abordagens educativas, que terão os efeitos desejados, porque carregam em suas práticas condutas claras e objetivas, diante dos inúmeros e confusos apelos do mundo.O desafio é contornado por uma linha muito tênue que divide o limite entre a correção e o constrangimento. Se por um lado somos complacentes, temendo humilhar ou constranger o implicado, por outro corremos o risco de levá-lo a entender que sempre haverá um adulto permissivo e protetor a lhe conceder espaço para errar.Mais do que nunca é importante fazer a correção, de forma fraterna que denote um amor exigente, disposto a corrigir com medidas apropriadas, geradoras de novas reflexões sobre erros cometidos.Sabemos que o caminho é traçar ações socioeducativas que levem em conta a participação do aluno e lhe propicie provocações a ponto de transformar, por si próprio, o comportamento indesejável. É preciso salientar que tais medidas só terão efeito se família e escola as tomarem em concordância, corroborando em idéias e ações que contribuam para a melhora do quadro apresentado.Qualquer vacilo por parte de quem educa (escola/família) contribui para o reforço de atitudes contrárias ao esperado. É necessário tomar decisões e não voltar atrás, pensando muito antes de divulgá-las. Uma vez expressas, é preciso cumpri-las em sua íntegra. Assim, a firmeza dessa atitude de correção trará segurança e confiança àqueles que necessitam de um limite visível que balize suas condutas cotidianas.
Marinice Souza Simon Psicopedagoga, supervisora escolar e MBA em gestão educacional
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