Bichos meus

domingo, maio 31, 2009

Mudar o mundo



Não foi sonho.
Mas um dia eu quis mudar o mundo.
Eu quis.
Não consegui.
porque o mundo são as pessoas e mudar pessoas é luta inglória.
Mas hoje, passados muitos sóis, quando ouço dizer que o mundo sempre foi assim,
injusto, privilegiando alguns poucos, sempre.
Eu pergunto: e tem que ser assim?

sexta-feira, maio 29, 2009

Bichos do Campus da UFRGS no blog da Gisele

O site do projeto de extensão que trata de animais abandonados no Campus do Vale da UFRGS saiu no blog da Gisele Bundchen.

Acesse

http://giselebundchenblog.blogspot.com/2009/03/bichos-do-campus.html

Animais sofrem maltratos na UFRGS

Animais no Campus do Vale da UFRGS, em Porto Alegre, SOFREM MALTRATOS.


Jornal do Almoço - RBS TV

Assista a matéria:


http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?uf=1&contentID=64298&channel=44



29/05/2009

terça-feira, maio 26, 2009

O conhecimento não sabido

"A educação formal que recebemos é baseada no conhecimento que ja é sabido. Passamos boa parte de nossa vida sendo educados de modo a ler livros sobre um conhecimento que ja é sabido e que contém ao fim de cada capítulo uma lista de exercícios sobre o capítulo apenas. E que cobram apenas a repetição daquilo que foi ensinado para ver se foi aprendido. É recompensado o colega que aprende mais do que os outros sobre um assunto que ja era sabido e foi ensinado.

Porém, ao se deparar com problemas novos no mercado de trabalho o importante é saber criar soluções novas para problemas novos. Ou seja: lidar com o conhecimento que não é sabido. De acordo com Chuang-Tzu: "Coisas são produzidas ao nosso redor, mas ninguém conhece a fonte. Elas aparecem, mas ninguém vê o portal. As pessoas valorizam a parte do conhecimento que é sabido; elas não sabem servir-se do desconhecido para alcançar o conhecimento. Isto não é um erro?"

Nietschze também falou que "É preciso grande caos interior para parir uma estrela que dança".

É preciso analisar a psicologia das pessoas criativas e tentar prover métodos práticos para gerenciar o caos interior que todos temos de modo a se sentir mais confortável em usar o desconhecido para atingir o conhecimento, o que afinal é a essencia da criatividade e da inovação."

domingo, maio 24, 2009

Meu cão, meu filho....

Ana Cardilho 24.05.2009

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Eu gosto quando meu dono me coloca no sofá. Ele lê o jornal distraído, coça minhas costas, e eu cochilo sentindo o cheiro da tinta do jornal, o perfume do café que ele vai tomar, devagar, sem açúcar, e com um pouquinho de leite (de soja). Gosto quando ele espreguiça, se levanta e pega minha guia. Hora de passear, hora de bater as patinhas na rua atrás de cheiros e histórias interessantes.
Outro dia, encontrei uma cachorrinha que estava vestida. Até aí já vi modelitos piores e melhores. O que me chamou a atenção é que, além do vestido, que estava visivelmente apertado, segurando os movimentos de suas patas traseiras, ela usava uma touca, cor-de-rosa para combinar com as flores da estampa do vestido, brincos colados nas orelhas, sapatinhos vermelhos e a dona, pasmem, havia passado uns brilhos no focinho dela. Nem pude chegar muito perto, tamanho o mau humor em que ela estava. Rosnava e latia demonstrando que não se sentia nada bem. Meu dono parou para conversar com a dona dela e, telepaticamente, a cachorrinha vestida para matar me contou que estava voltando de uma festa de aniversário onde todos os cachorros convidados foram fantasiados com as roupas mais estranhas. Contou-me, ainda bem brava e sem deixar que eu me aproximasse, que os donos presentes na festinha faziam com que os cachorros andassem sobre as patas traseiras, sentavam os bichos em cadeiras tentando fazer com que eles não se parecessem mais com animais e sim com crianças.
Cheirar os colegas? Nem pensar, disse-me ela. Os donos não deixavam, não queriam esses péssimos hábitos sem levar em consideração que, desde o nosso primeiro ancestral lobo, cachorro que é cachorro cheira o outro. É pelo faro que conhecemos a história, que sabemos como vai a vida de nosso colega, seu sexo, se ele é saudável, feliz, o que come, se dorme bem, se é feroz... Enfim, informações tão preciosas para quem, afinal, não fala.
Contou-me que na festinha soube que alguns colegas estavam sendo treinados, para dar as patinhas, sentar e deitar, em línguas diferentes. Eles aprendem a receber ordens em inglês, alemão e principalmente em chinês que, dizem, será a língua do futuro. Outra novidade: sessões de terapia com o dono e o cachorro. Durante cinquenta minutos, sob a supervisão do terapeuta, eles discutem a relação e tentam fechar acordos para uma convivência de melhor qualidade.
A cachorrinha vestida de dondoca estava com muito medo de ter que passar por essas sessões de terapia e mais medo ainda se elas fossem feitas em grupo. Já imaginou? Cinco donos e cinco cachorros juntos, discutindo as relações? Misericórdia!
Eu estava lá ouvindo minha colega quando percebi que meu dono estava entusiasmado com a ideia dos sapatinhos que ela usava. Perguntou até o endereço da loja onde eles foram comprados! Arrepiei, da orelha ao rabo. Já imaginou se meu dono resolve tingir meu pelo, fazer com que eu ande de sapatos coloridos e se me coloca uma roupa? Depois disso vai querer terapia também.
Eu não vou facilitar, não. Se ele chegar com sapatinhos hoje em casa vou fingir que nem liguei e depois, na madrugada, com meus dentes poderosos, eu os destruo. Se ele comprar outros, outros serão roídos, até que meu dono entenda que eu sou um cachorro que tem as patas no chão.
Vou cheirar os colegas na rua, fazer festinhas para quem chega, rosnar para quem eu sinto que não gosta de animais, vou correr atrás do meu rabo, feliz da vida, vou uivar pra lua cheia, me coçar, com ou sem pulgas, vou cochilar em vários momentos do dia e ficar de barriga pra cima esperando um bom carinho.
Afinal, sou um cachorro e tenho muito orgulho disso!

Da dificuldade de ser cão

Os franceses são profundos até quando o assunto é raso. Eu não me recordo de ter lido um livro interessante sobre cães como Da dificuldade de ser cão (Companhia das Letras, 143 pgs, 2002), de Roger Grenier, que entre outras coisas colaborou com Albert Camus, foi jornalista do France-Soir e autor de romances, contos e adaptações para a televisão.
O livro foi comprado por R$ 15 num sebo de Curitiba - e aqui convém observar que a cidade tem os melhores sebos do Brasil, embora os preços em alguns sejam um pouco exagerados. Voltando ao livro e ao tema, Grenier consegue ser erudito sem ser maçante ao falar de um tema que pode ser considerado de pouca relevância. Texto leve, curto e na mosca transforma leitura em prazer. E transmite a importância de um cão na vida de quem o tem.
Um cão é o animal que consegue ser fiel ao homem mais que o próprio homem. O homem se apaixona por uma mulher - e vice-versa; pode ter milhões de amigos, mas tudo isto pode ser - e quase sempre é - passageiro. A amizade de um cão é eterna. Forever, mesmo.E para defender a sua tese - de muita gente, como se vê com a leitura do livro - Grenier recorre a nada menos que 47 autores e obras nas quais podemos encontrar testemunhos de que o cão é um bicho extraordinário, testemunhos feitos por pessoas como Napoleão Bonaparte, Louis-Ferdinand Céline, Miguel de Cervantes, Gustave Flaubert, F. Scott Fitzgerald, E.T.A. Hoffmann, Franz Kafka, Maurice Maeterlinck, George Orwell, Jean-Paul Sarte e Robert Louis Stevenson, para ficar em alguns citados. Um time de respeito. E, caso raro num livro desta natureza, se o sujeito não for durão, como diria Leila Diniz, vai ter de ler escondido. Não é uma ou duas vezes que dá vontade de verter uma lágrima porque o cão é de uma fidelidade canina, de uma afeição extraordinária, assim como são pujantes algumas histórias de amizade do cão com o homem.
Basta citar o caso de Ulisses. Foi para a guerra em Tróia, ficou fora de casa por 20 anos e quando voltou já velho, para verificar o quanto andava a casa, mulher e criados, disfarçou e apareceu na propriedade. Penélope, a mulher, nem percebeu o marido. Empregados nem estavam ai.
O fiel Argos, velho, abandonado, cheio de carrapatos, em cima de um monte de estrumes de mulas e bois, bateu o olho no estranho e reconheceu o seu dono. Levantou, tentou andar, não conseguiu de tão velho, abaixou as orelhas e balançou o rabo.
Ulisses não resistiu: virou a cabeça de lado e chorou. Nem Poseidon, nem os troianos, nem os ciclopes gigantes, nem as bruxas dos mares bravios arrancaram lágrima do herói. Argos, sim.
O cão reconhece no homem uma espécie de "deus incontestável, tangível, irrecusável e definitivo". Ele não precisa, como o homem, buscar nas trevas uma força perfeita, superior e infinita. Para ele, basta o homem. E a realidade confirma a teoria. Há uma história na Segunda Guerra Mundial que ilustra a natureza do cão. Prisioneiros judeus caminhavam numa longa fila vigiados por soldados alemães. Para os alemães e até para os próprios judeus, os prisioneiros já não pertenciam à espécie humana. Um cão errante se alinha com os prisioneiros e os segue. Para o cão, os prisioneiros ainda eram homens. Octave Mirabeau tem outra teoria sugestiva: "Os cães, sem nunca terem aprendido, falam francês, inglês, alemão, russo e groenlandês, assim como o hindustani, o télugo, o baixo-bretão e o baixo-normando, todos os dialetos e todas as gírias".
Não que um cão seja poliglota, mas ele compreende em qualquer língua. Se for levado de um povo a outro vai compreender o homem, algo impossível até ao próprio homem.Para Colette Audry - em Atrás da banheira - as pessoas gostam de cães por uma razão simples, porque elas encontram no cão "um asilo mais secreto e ainda mais seguro que o coração de sua mãe". O mais cruel nesta relação é a incrível capacidade do cão de perdoar.
Os algozes dos animais sabem que depois de um ato agressivo, o cão responde com uma lambida. Não há nada mais comovente. Albert Camus abordou esta característica em seu livro O estrangeiro. O velho Salamano por oito anos insulta e espanca seu cachorro, mas ainda assim eles formam um casal inseparável e terminam por se parecerem.
Aliás, o velho ganhou o cão quando a sua mulher morreu. Ganhou para substituí-la. Em A queda, outro livro de Camus, Clemence diz que gosta dos cães "porque eles perdoam sempre". Só os cães. Os homens, algumas vezes. E olhe lá. De Flaubert, Grenier deduz que um animal doméstico - no caso do autor de "Madame Bovary", era um papagaio - é uma espécie de proteção contra os ultrajes da vida, um recurso contra o mundo; a certeza, um pouco vã, de ser verdadeiramente amado, um jeito de estar ao mesmo tempo menos só e mais só. Talvez por esta razão uma pessoa tão angustiada e deprimida como Virginia Wolf, não apenas tinha o seu cão, como se encantava com os seus talentos. O nome do cachorro de Virginia - um cocker spaniel - era Flush. Ela se impressionava com a capacidade olfativa dele. O maior dos poetas oscila entre o cheiro da rosa e do estrume, não há meio termo. Para o cão não, o cão vive num mundo essencialmente de olfato.
Um cheiro libera um milhão de lembranças. Virginia diria: "Mesmo a religião era um cheiro para Flush". E ela foi além: ela garantia que nem Swinburne, nem mesmo Shakespeare, seriam capazes de descrever a infinidade de cheiros percebidos por Flush e tampouco de traduzir o significado que tinham.
Na questão olfativa, o psicanalista François Gantheret se surpreendia com a habilidade dos cães de caça de seguir o rastro da presa por dezenas de quilômetros e no caso de perderem a pista de voltar reencontrando seus próprios rastros, suas ínfimas moléculas de odores.Se Virginia se encantava com um cão de estirpe, Baudelaire se derretia pelos vira-latas: "Eu canto o cão enlameado, o pobre cão, o cão sem casa, o mais vagabundo, o cão saltimbanco".
Para o grande poeta francês, o charme canino estava naqueles cães calamitosos "que erram solitários, nas ravinas sinuosas das imensas cidades, ou os que disseram ao homem abandonado, com olhos faiscantes e espirituais: Leve-me com você e de nossas duas misérias faremos uma espécie de felicidade". Só um grande poeta para traduzir algo tão intraduzível quanto a amizade de um cão. Isto nos faz lembrar o jornalista Mussa José Assis - que não está no livro mas se o autor o conhecesse poderia recorrer aos conhecimentos caninos de Mussa - que um dia sentenciou: "O cão reconhece humanidade naqueles que nem os homens reconhecem mais, como o bêbado e o mendigo. Os cães nunca os abandonam". E Mussa não está sozinho nesta avaliação, ele está com Napoleão. O Bonaparte.
Que em "Memorial de Santa Helena" conta que percorreu um campo de batalha na Itália do qual os mortos ainda não haviam sido retirados. Um cachorro ao lado do cadáver de seu dono, gemia, lambia-lhe o rosto. Napoleão confessou: "Nunca nada, em nenhum dos meus campos de batalha, me impressionou tanto". É preciso acrescentar mais? Não. O cão é o único animal a merecer como dedicatória a música Amigo, de Roberto Carlos. Ele merece estes versos: "Você é meu amigo de fé, meu irmão camarada. Amigo de tantos caminhos, de tantas jornadas". Quem, além de um cão, os merece? Ninguém
.

sexta-feira, maio 22, 2009

Os custos da poluição

Os custos da poluição, pela primeira vez, foram mapeados fora das fronteiras de São Paulo. Estudo obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que são R$ 14 gastos por segundo (R$ 459,2 milhões anuais) para tratar sequelas respiratórias e cardiovasculares de vítimas do excesso de partícula fina - poluente da fumaça do óleo diesel. O valor é dispensado por unidades de saúde públicas e privadas de seis regiões metropolitanas do País.A mesma pesquisa, produzida pelo Laboratório de Poluição da USP e seis universidades federais, mostra que, além dos paulistas, respiram ar reprovado pelos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS) as regiões do Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Recife. "A poluição não é mais privilégio de São Paulo e os impactos são diretos na saúde cardiovascular do brasileiro", diz Antônio Carlos Chagas, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Pelo ensaio científico, 8.169 pessoas são internadas anualmente com problemas cardíacos atribuídos à partícula fina.As pesquisas em São Paulo incentivaram a produção em outras metrópoles. O cardiologista Evandro Mesquita, da Universidade Federal Fluminense, começou a cruzar os dados de arritmia e enfarte em dias marcados pelo excesso de poluentes. Quando o Instituto do Coração de SP (Incor) fez teste parecido no ano passado, encontrou aumento de 11% de morte por ocorrência cardíaca. No Rio, a pesquisa da USP mostra que são 1.434 pacientes do coração internados por ano.A reportagem teve acesso ao estudo na ação civil pública que o Ministério Público de São Paulo move contra a Petrobras e 13 montadoras de veículos pedindo indenização para vítimas da poluição. Segundo o promotor do Meio Ambiente do MP, José Isamel Lutti, o valor indenizatório terá "como parâmetro" a pesquisa. Além das internações, também foram calculadas as mortes nas regiões: 11.559 pessoas com mais de 40 anos (31 vidas por dia). A Petrobrás, por meio de assessoria de imprensa, informou que não foi notificada sobre a ação, ajuizada em março deste ano.
(Fonte: Estadão Online)

domingo, maio 17, 2009

Compartilhar é.....


Dividir o último sanduíche com seu cachorro.


Rita Lee

quinta-feira, maio 14, 2009

A soma de todos nós


"Ninguém é tão burro quanto a soma de todos nós". Outro dia escrevi sobre a "asinidade estratégica", uma curiosa situação que faz com que pessoas inteligentes tomem decisões burras. Diz a sabedoria popular que quando discutimos problemas em grupo as idéias ficam mais claras, mais pontos de vista surgem, mais rica fica a tomada de decisão, não é? Mas não é isso que tenho encontrado por aí... Você já foi a uma reunião de condomínio, por exemplo? Já viu o que acontece quando o grupo tenta chegar a um acordo? Viu quanto tempo é perdido? Viu o volume de picuinhas que é discutido? Até que a turma cansa e acaba optando pela solução consensual, na maioria das vezes pelo NÃO fazer...

É assim que o homem funciona em grupo: existem diferenças de percepção gigantescas e buscar o consenso acaba provocando o nivelamento por baixo. E quem insistir na defesa de um ponto de vista contrário ao consenso arrumará um monte de inimigos e nunca mais terá paz. Será rotulado. E cada vez que der uma idéia ela será recebida com desconfiança pelo grupo pois "veio daquele maluco, daquele inconseqüente, aquele irresponsável".

Se individualmente o homem não gosta de mudanças, quando está em grupo ele odeia. Encontrei uma das explicações para a asinidade estratégica em Warren Buffet, um dos maiores bilionários da atualidade, quue descobriu o que le chama de "imperativo institucional", uma força que impele as pessoas a um comportamento não racional no trabalho. Buffet define essa força em quatro partes:

1.Como na primeira lei do movimento de Newton, uma instituição ou empresa resistirá a qualquer mudança na direção para onde ela está indo. Ameaças à zona de conforto são automaticamente repelidas, mesmo inconscientemente. Ninguém gosta de mudanças.
2.Da mesma forma que o trabalho se expande para preencher o tempo disponível, uma grande variedade de projetos materializa-se para consumir recursos adicionais. É só aparecer algum dinheirinho extra que surge uma ideia para consumi-lo. Igualzinho na minha casa...
3.Qualquer idéia que venha do líder, por mais imbecil, será rapidamente suportada por relatórios e argumentos de subordinados. Asinidade estratégica é contagiosa, principalmente se vem do chefe...
4.O comportamento de outras empresas - principalmente concorrentes - estejam elas expandindo ou demitindo, será cegamente imitado. É a técnica do eu também.

A racionalidade não tem vez diante da asinidade estratégica. A asinidade estratégica é resultado do processo de tomada de decisão das pessoas, que é sempre emocional. Pessoas pensam e agem a partir do instinto de sobrevivência, focadas em interesses particulares e de olho no outro. Vivem apavoradas com a possibilidade de perder, de errar, de não fazer o "melhor negócio". Essa atitude quase sempre as coloca em conflito com os interesses da empresa, criando um estado permanente de hipocrisia, aquele teatrinho corporativo que a gente conhece bem... Interesses pessoais são o berço da asinidade estratégica, tanto naquela multinacional como para sua empregada doméstica.
E vale também para os políticos, por quê não?
Ou você acha que ver o Gabeira e o Suplicy - políticos que se notabilizam por uma imagem de honestidade - metidos na farra das passagens aéreas é por acaso?
Não é não. É a asinidade estratégica funcionando.


Luciano Pires 14.05.2009

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http://www.lucianopires.com.br/idealbb/view.asp?topicID=11189

quarta-feira, maio 13, 2009

Mamãe.com

1ª Convenção Familiar - Temporada 2009


Queridos Filhos,

Em primeiro lugar, Mamãe gostaria de agradecer a presença de todos
nesta Primeira Convenção Familiar. Mamãe sabe como foi difícil abrir
um espaço nas agendas de cada um de vocês: Papai tinha uma lavagem de
carro praticamente inadiável, Júnior já tinha marcado de se trancar no
quarto, Carol estava para receber pelo menos três telefonemas
importantíssimos de uma hora e meia cada um.

Mamãe está comovida. Muito obrigada.

Bem, conforme Mamãe já tinha mais ou menos antecipado, esta convenção
é para comunicar ao público interno - Papai, Júnior e Carol - todas as
modificações nos produtos e serviços da linha Mamãe.

Como vocês sabem, a última vez que Mamãe passou por reformulações foi
há 14 anos, com o nascimento do Júnior. De lá para cá, os hábitos e
costumes, o panorama cultural, a economia e o mercado passaram por
transformações radicais.

Mamãe precisa acompanhar a evolução dos tempos, sob pena de ver sua
marca desvalorizada.

Para começar, Mamãe vai mudar a embalagem. Mamãe sabe que esta é uma
decisão polêmica, mas, acreditem, é o que deve ser feito.

Mamãe sai desta convenção direto para um spa, e de lá para uma clínica
de cirurgia plástica.Nada assim tão radical. Haverá pouquíssimas
alterações de rótulo,vocês vão ver.

Mamãe vai continuar com praticamente o mesmo formato, só que com
linhas mais retas em alguns lugares e linhas mais curvas em
outros.Calma, Papai!

Mamãe já captou recursos no mercado.

Mamãe vai ser patrocinada por uma nova marca de comida congelada. Lei
Rouanet, porque Mamãe também é cultura. Junto com o lançamento da nova
embalagem de Mamãe, no entanto, acontecerá o movimento mais arriscado
deste plano de reposicionamento.

Sinto informar, mas Mamãe vai tirar do mercado o produto Supermãe.
Não, não, não adianta reclamar. Supermãe já deu o que tinha de
dar.Trata-se de um produto anacrônico e superado, antieconômico e
difícil de fabricar.

Mamãe sabe que o fim da Supermãe vai aumentar a demanda pela linha
Vovó, que disputa o mesmo segmento. Paciência. Você não pode atender
todos os públicos o tempo todo.

No lugar da Supermãe, Mamãe vai lançar (queriam que eu dissesse 'vai
estar lançando', mas eu me recuso) novas linhas de produtos mais
adequados à realidade de mercado.

Vocês vão poder consumir Mamãe nas versões Active (executiva e
profissional), Light (com baixos teores de pegação de pé), Classic
(rígida e orientadora), Italian (superprotetora) e Do-It-Yourself
(virem-se, fui passear no shopping).

Mas uma de cada vez, sem misturar.

Ah, sim, Mamãe detesta esses nomes em inglês, mas me disseram que, se
não for assim, não vende. Mamãe gostaria de aproveitar a oportunidade
para lançar seus novos canais de comunicação.

De hoje em diante, em vez de sair gritando pela casa, vocês vão poder
ligar para o SAC-Mamãe, um 0300 que dá direto no meu celular (apenas
27 centavos por minuto, mais impostos).

Mamãe também aceita sugestões e críticas no endereço mamae@mamae.net

Mais uma vez Mamãe agradece a presença e a atenção de todos.

(Autoria Desconhecida)

terça-feira, maio 12, 2009

A morte devagar

Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições. Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu gurue seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas quatorze polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo. Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.

Morre lentamente quem passa os dias se queixando da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

Martha Medeiros novembro/2000

sábado, maio 09, 2009

Felicidade

Saúde e felicidade é tudo o que precisamos nessa vida. Só que tem que dar uma mãozinha. Então, pratiquemos esportes, boa alimentação, e nada de fumo: a saúde já estará 50% garantida, o resto é sorte. Quanto à felicidade, o jeito é tentar fazer boas escolhas. Como fazê-las? Ninguém sabe ao certo, mas ser íntegro e não se deixar levar por vaidades e preconceitos promove uma certa paz de espírito. Ser feliz não é muito difícil, basta não ficar obcecado com esse assunto e tratar de viver. Quem pensa demais, não vive.

Shanti

Nome originário do sânscrito. "Significa paz"

Ser filho da mãe (hoje)


Zero Hora 10.05.2009 - por Lúcia Pesca e Pedro

Diz o filho: É cansativo ser filho dessas mães de hoje, porque elas não dão moleza. Nós adoramos ficar sossegados sem pensar em nada, mas elas, por estarem sempre cheias de afazeres, não conseguem entender como isso é possível. Aí começam a nos alugar. A vida delas não tem mais espaço, de tanta coisa que fazem, então elas terceirizam a agenda para a equipe mais próxima, nós, os filhos. Acordamos com o famoso bilhete de “nossas” prioridades ao lado da cama. De faxineiros, office-boys, fazedores de supermercado, conselheiros sentimentais à mais dignificante função de técnicos de informática. Elas nos sugam toda energia do dia. Quando vamos para a academia ou faculdade, já estamos exaustos. Mas fazer o quê? O pior é vê-las cansadas no final do dia, às vezes reclamando, mas ainda querendo papo para saber como andam nossas vidas. Sabemos que o repasse de todas essas tarefas não é só pela falta de tempo delas, mas para não deixar que fiquemos acomodados em nossas vidinhas, nos ensinando, assim, a aceitar a conviver com responsabilidades e compromissos. Como se não bastasse a cabeça muito ocupada dessas mães, ainda aumentou a preocupação com a segurança de seus pupilos, vindo daí as frequentes frases, como: “Onde vais?”, “Pegaste o celular?”, “Como voltas?”, e nós aguentamos, controlando a vontade de nos rebelarmos, porque sabemos que essa ansiedade faz parte da profissão “mãe”.Definitivamente, ser filho da mãe hoje em dia não é mais uma ofensa, mas, sim, um aprendizado mútuo entre pais e filhos.
Diz a mãe: Ah, os filhos de hoje! Estamos constantemente revalidando nossos valores através dos filhos. Aprendemos a delegar e dividir o que outrora fazíamos por eles e também a diminuir as culpas em não lhes dar tudo “de mão beijada”. Estamos conseguindo colocar limites com mais frequência, e aceitando os limites que eles nos impõem, como até onde podemos nos intrometer na vida deles (essa parte é bonita de dizer, mas difícil de fazer). Nós, mães, multifacetadas, reconhecemos que, para conviver com esse nosso jeitinho exigente e ritmo desenfreado, os filhos, de quem tanto cobramos – para o bem deles, é claro –, acabam amadurecendo mais cedo. É interessante perceber que não é mais pelas ameaças de perderem a mesada, o carro ou deixarem de ir à festa x ou y que eles atendem às nossas solicitações, mas, sim, por serem espectadores das nossas trajetórias de vida e nos admirarem. E veio daí a ideia deste artigo. Quando Pedro e eu conversávamos sobre o fato de que muitas mães não reconheciam essas atitudes de seus filhos como um agradecimento a elas. Portanto, obrigado, filhos, por nos darem a certeza de que nós estamos fazendo a coisa certa. Esse é o melhor presente que uma mãe pode querer no seu dia.Definitivamente, ser filho da mãe hoje é padecer no paraíso.

Mãe, é mãe


Mãe diz que é pra gente se cuidar.
Mãe diz que a gente come pouco.
Mãe diz que a gente come demais.
Mãe briga que a gente dorme mal.
Mãe dorme mal.
Mãe é linda.
Mãe é carinhosa.
Mãe enche muito.
Mãe é carente.Mãe é exigente.
Mãe faz a gente sentir culpa.
Mãe sente culpa.Mãe fica doente pela gente.
Mãe é capaz de matar ou morrer.
Mãe pode tudo.
Mãe não quer nada.
Mãe quer muito.
Mãe gosta de qualquer coisa.
Mãe não gosta de nada.
Mãe não reclama.
Mãe resmunga o tempo todo.
Tem mãe que é cega.Mãe faz comidinha.
Mãe cozinha mal.
Mãe odeia cozinhar.
Mãe erra no sal.
Mãe não gosta de ouvir reclamação.
Mãe tem paciência de Jó.
Mãe perde a paciência.
Mãe bate.
Mas mãe apanha da vida o que for preciso para proteger a gente.
Mãe faz muita falta.
Mãe não deveria morrer.Como princípio da vida, mãe é, apesar de santa, o paradoxo do bem e do mal que existe em todos nós.
Mãe é bacana.
Mãe é chata.
Mãe é alegre.
Mãe é triste.
Mãe não desiste,Mãe é mãe, só muda de endereço...
*
Mamãe
Composição: David Nasser e Herivelto MartinsInterpretação: Ângela Maria e João Dias
Ela é a dona de tudo
Ela é a rainha do lar
Ela vale mais para mim
Que o céu, que a terra, que o mar
Ela é a palavra mais linda
Que um dia o poeta escreveu
Ela é o tesouro que o pobre
Das mãos do Senhor recebeu
Mamãe, mamãe, mamãe
Tu és a razão dos meus dias
Tu és feita de amor e de esperança
Ai, ai, ai, mamãe
Eu cresci, o caminho perdi
Volto a ti e me sinto criança
Mamãe, mamãe, mamãe
Eu te lembro o chinelo na mão
O avental todo sujo de ovo
Se eu pudesse
Eu queria, outra vez, mamãe
Começar tudo, tudo de novo ...

(Dorme, dorme, filhinho)

sexta-feira, maio 08, 2009

Qual o jeito ecológico de morrer?

Dentre os rituais pós-morte, a cremação é o modo mais ecológico de retornar ao pó
Feita de maneira correta, a queima dos corpos libera apenas água e gás carbônico em pequenas quantidades, já que os resíduos tóxicos ficam retidos em filtros de ar. Além disso, a cremação dispensa armazenamento de resíduos e não ocupa terrenos. “Uma pessoa com 70 quilos de massa se transforma em 1 ou 2 quilos de cinzas, enquanto sob a terra a decomposição pode durar até dois anos e deixar cerca de 13 quilos de ossos para a posteridade”, afirma o geólogo Leziro Marques.
VERDE ATÉ A MORTE
Como bater as botas de modo ecologicamente correto:
Entrada triunfal - A chegada do corpo ao cemitério é pomposa: os corpos vêm em charretes puxadas por cavalos, evitando a poluição que carros poderiam causar. Para homenagear o ente querido, familiares não trazem coroas – no máximo, uma flor, para não desperdiçar As árvores somos nozes - Esqueça os mausoléus de concreto – para identificar o corpo, há apenas pequenas placas de couro ou madeira sustentável, que se decompõem com o tempo. O que vai sinalizar que debaixo daquele pedaço de chão há alguém descansando em paz são sementes, que, no futuro, se transformarão em uma árvore Lugar ao solo - Prefira solos menos argilosos – nesses, o corpo pode demorar a se desfazer e vira uma espécie de sabão. Além disso, a distância entre o corpo e o lençol freático deve ser de pelo menos 2 metros, segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente. Isso evita que os líquidos da decomposição contaminem as águas Nu de corpo e alma - Vá para o lado de lá pelado, sem silicone e sem ser embalsamado com compostos tóxicos! Se você não abre mão da roupa, use tecidos naturais, como algodão ou linho – os outros demoram ainda mais para se decompor. Já o silicone não é biodegradável, por isso as próteses devem ser retiradas antes do enterro Embrulho para presente - A versão ecológica do paletó de madeira não é de madeira! Ele pode ser feito de materiai biodegradáveis como bambu ou papel machê (massa feita com papel amassado, cola e gesso). E nada de alças ou crucifixos de metal – eles levam até cem anos para se decompor, enquanto o papel leva meses.
A (in)sustentável leveza do ser
Veja as maneiras mais bizarras de marcar sua passagem para o além: A serviço da ciéncia - Que tal deixar o corpo para estudos em faculdades de medicina? No Brasil, o cadaver serve cinco anos à ciência e depois é cremado Dormindo com os peixes - A empresa Eternal Reefs transforma as cinzas da cremação em uma placa que é colocada no fundo do mar e serve de base para corais Morte em alto nivel - Uma prática comum em rituais no Tibete é colocar os corpos mortos no alto de montanhas. Os cadáveres são esquartejados e viram comida para os abutres Brilho eterno - Na Suíça, uma empresa transforma o produto da cremação em diamante. Para fazer a peça, são usados 500 gramas de cinzas e o preço varia de 2 800 a 10 600 euros
Fonte: CONSULTORIA SERVIÇO FUNERÁRIO DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO; ANTÔNIO BRANCAGLION JR., EGIPTÓLOGO DO MUSEU NACIONAL DA UFRJ; EDUARDO VALÉRIO, FÍSICO DO LABORATÓRIO DE BAIXAS TEMPERATURAS DA UNICAMP; CLÁUDIO FURUKAWA, FÍSICO DA USP; LEZIRO MARQUES, GEÓLOGO E ENGENHEIRO CIVIL DA UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Metais no solo de parques públicos


Pesquisa indica que solo de parques públicos em São Paulo tem elevada concentração de metais potencialmente tóxicos, como chumbo e arsênio Jussara Mangini escreve para a “Agência Fapesp”:Estudo sobre o teor de metais em solos superficiais de 14 parques públicos do município de São Paulo revelou elevada presença de metais potencialmente tóxicos, como chumbo, cobre e arsênio.
As concentrações estão acima dos valores de referência definidos pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e acima de valores de intervenção em países como Alemanha e Holanda, o que poderia representar risco para a saúde dos frequentadores.Durante dois anos, de 2006 a 2008, a química Ana Maria Graciano Figueiredo, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), coletou e analisou amostras de solos urbanos dos seguintes parques da capital paulista: Luz, Buenos Aires e Trianon, na região central; Vila dos Remédios, Cidade de Toronto e Rodrigo Gáspari (zona Norte); Ibirapuera e Guarapiranga (zona Sul); Carmo, Raul Seixas e Chico Mendes (zona Leste); Raposo Tavares e Alfredo Volpi (zona Oeste).A amostra foi definida pela abrangência de várias regiões da cidade e pela localização.
A ideia foi estudar parques em pontos com diferentes densidades de tráfego de veículos, uma vez que estudos em cidades como Madri, Palermo, Hong Kong e Paris associaram o aumento na concentração de metais em solos urbanos à elevação da poluição por metais no meio ambiente, como os originados pela deposição atmosférica de partículas geradas pelo tráfego de automóveis.Em uma pesquisa preliminar, Ana Maria analisou a concentração de platina, paládio e ródio – elementos comumente presentes nos catalisadores dos automóveis – em solos adjacentes à rodovia dos Bandeirantes.
A pesquisadora observou que, quanto mais próximo à estrada, maior era a concentração desses elementos e de materiais relacionados ao tráfego (como chumbo, cobre e zinco) e vice-versa. A experiência inspirou o trabalho nos parques da metrópole.Com autorização e apoio do Departamento de Áreas Verdes (Depave) da Prefeitura de São Paulo, foram coletadas amostras do solo de cada um dos parques, em profundidades de 0 a 20 centímetros, e em linhas cruzando os parques, a cada 30 metros de distância, buscando maior representatividade na coleta. O material foi reunido especialmente em locais com maior frequência, como áreas de lazer, playground, áreas de práticas esportivas e de caminhada.“As amostras foram analisadas por ativação de nêutrons instrumental e fluorescência de raios X, técnicas que apresentam alta sensibilidade e exatidão na análise quantitativa e qualitativa do material, sem destruí-lo”, explicou Ana Maria.“O foco da análise foi observar as concentrações de chumbo, cobre, cromo, zinco, cobalto, bário, arsênio e antimônio, por apresentarem riscos à saúde humana e serem os mais comumente encontrados em casos de contaminação de solos”, disse.Ana Maria explica que metais são naturalmente encontrados em solos. “Porém, em altas concentrações, qualquer um dos elementos encontrados na amostra pode oferecer riscos à saúde, até mesmo o zinco, que é essencial à saúde.
Os valores de referência da Cetesb são equivalentes a um solo considerado limpo, ou seja, cuja concentração está dentro de padrões naturais”, acrescentou.Realizado com apoio da Fapesp na modalidade Auxílio a Pesquisa – Regular, o estudo revela que, com exceção do cobalto, todos esses elementos estão presentes no solo dos parques analisados em quantidade acima dos valores de referência da Cetesb e de agências reguladoras de países como Holanda e Alemanha. Valores e parâmetros Algumas concentrações de metais chamam atenção. Foram encontradas elevadas concentrações de chumbo nos parques Buenos Aires (439 mg/kg), Luz (209 mg/kg), Trianon (230 mg/kg) e Aclimação (260 mg/kg). Essas quantidades estão acima do Valor de Intervenção Agrícola (VI) para o metal, que é de 180 mg/kg. O indicador é usado pela Cetesb para apontar a partir de qual concentração algum elemento pode oferecer riscos potenciais, diretos ou indiretos, à saúde humana, considerando a exposição a solos genéricos (existem valores para solo residencial e industrial).
Tanto o Parque Buenos Aires como o da Luz têm concentração de cobre de até 382 mg/kg e 324mg/kg, respectivamente, quantidade superior ao VI, definido em 200 mg/kg e acima dos parâmetros internacionais (190 mg/kg). Já o Trianon, com 106 mg/kg de cobre está acima do Valor de Prevenção (VP) da Cetesb, que define a concentração de determinada substância, acima da qual podem ocorrer alterações prejudiciais à qualidade do solo e da água subterrânea. Para o cobre, o VP é 60 mg/kg.O nível de concentração de cromo nos parques Ibirapuera (121mg/kg), Aclimação (112), Luz (146), Buenos Aires (105) e Vila dos Remédios (103) está acima do VP, que a Cetesb estabelece em 75 mg/kg.“Com exceção dos parques Alfredo Volpi, Raul Seixas, Carmo e Guarapiranga, todos os demais estão com concentração de zinco acima do Valor de Referência de Qualidade (VRQ), definido pela Cetesb como parâmetro para solo limpo ou para qualidade da água subterrânea”, disse Ana Maria.Para cromo, o VRQ é 60 mg/kg. Vale destacar que o Parque Buenos Aires tem concentração de cromo de 423 mg/kg, o que supera o parâmetro de prevenção da Cetesb, que é de 300 mg/kg.Os valores de bário encontrados nos parques Toronto (875 mg/kg) e Rodrigo de Gáspari (936 mg/kg) excedem os valores de referência da Holanda, onde possivelmente seria recomendada uma investigação.Guarapiranga, Vila dos Remédios, Luz, Trianon e Aclimação estão com concentração de bário acima do Valor de Intervenção sugerido pela Cetesb. O antimônio é outro metal presente em quantidade acima do VI (5mg/kg), especialmente nos parques da Luz (11,5 mg/kg) e Buenos Aires (12 mg/kg).A concentração de arsênio é de 39 mg/kg nos parques Ibirapuera, Aclimação, Trianon e Vila dos Remédios; 40mg/kg no parque Chico Mendes e 56 mg/kg no da Luz, todos acima dos valores de intervenção da Cetesb e da Holanda, que estão fixados em 35 mg/kg.“Os parâmetros da Cetesb são os únicos disponíveis para solos do Estado de São Paulo. Porém, os valores da companhia se baseiam em resultados de análises realizadas com auxílio de ácidos, enquanto as técnicas de ativação de nêutrons instrumental e fluorescência de raios X são valores totais, uma vez que não há dissolução do material, o que pode ocasionar diferenças nos resultados”, ressaltou Ana Maria. Riscos à saúde Para a pesquisadora do Ipen, a influência da qualidade do solo na saúde de seres humanos tem sido pouco estudada e mesmo subestimada.
“Por meio da ingestão de solo aderido à pele ou aos dedos, inalação e absorção dérmica, os componentes minerais, químicos e biológicos dos solos podem ser prejudiciais à saúde”, apontou.Segundo Ana Maria, a ingestão de solo tem sido reconhecida como a mais importante fonte de contaminação por chumbo, especialmente por crianças, que são mais suscetíveis.“Elevadas concentrações de metais no solo têm sido relacionadas a altas concentrações de metais no sangue de crianças. Retardamento do desenvolvimento cognitivo e atividade intelectual prejudicada em crianças têm sido relacionados a exposição a chumbo, por exemplo”, disse.Os resultados do estudo foram publicados em artigo no Journal of Radionalytical and Nuclear Chemistry em março e serão apresentados no Congresso Brasileiro de Geoquímica, em outubro, em Ouro Preto.Em continuidade à sua investigação, a pesquisadora está analisando também a característica dos solos da marginal Pinheiros, marginal Tietê, Rebouças, Tiradentes, Radial Leste, Jacu Pêssego e 23 de Maio.
Agência Fapesp, 08/5/09

quinta-feira, maio 07, 2009

Geração Navio X Geração Submarino

"Recebi uns dias atrás uma pauta de um artigo muito interessante escrito por Alexandre Freire, Consultor Sênior do Instituto MVC e professor dos MBAs Executivos da FGV. Ele coloca duas gerações que podem entrar em conflito no mundo organizacional. Por um lado, uma geração do mundo digital, versátil, rápida e decidida sobre o que quer. Por outro, a geração que está no comando das empresas, exigindo análises detalhadas do contexto para tomada de decisões na empresa.
Uma geração que tem conhecimento sobre todos os assuntos do dia, que sabe falar muito bem sobre generalidades e que tem a internet como uma verdadeira biblioteca virtual. A geração navio, assim como é chamada, é composta por jovens de até 17 anos e tem a internet como a principal via para suas pesquisas, relacionamentos, comunicação, estudos, namoros, partilhas e entretenimento. Cedo, pela manhã, já vasculharam a rede, responderam emails, verificaram seus orkuts, assistiram ao último vídeo do Youtube e fizeram uma rápida busca no google. Tudo que acessam é de maneira rápida, onde as chamadas são mais importantes que o conteúdo. É uma geração que tem uma inegável visão de 360º da superfície.
Se você já pesquisou pela Barsa, se comunicou por cartas, leu o jornal da banca, assistiu a filmes pela TV e brincou de carrinho ou boneca, talvez possa se incluir na geração submarino. Tal geração tinha o hábito de transcrever à mão suas pesquisas para um caderno e recortavam artigos de jornais e revistas para debatê-los em sala de aula. O acesso a informação era restrito, mas o conhecimento do contexto era maior. Esses são parte da geração que tem uma inegável visão de profundidade.
E então começam-se os problemas. A geração digital, está começando sua inserção no mercado de trabalho. Porém, são os profissionais da geração “profundidade” que contratam. De acordo com Alexandre Freire, uma gerente de RH lhe confidenciou que durante as entrevistas, uma pessoa da geração digital discorre com facilidade sobre os acontecimentos do mundo inteiro. São versáteis, rápidos e decididos sobre o que querem. Porém, quando confrontados com perguntas sobre o contexto dos acontecimentos, fazem cara de desentendidos ou dão respostas vagas sobre os assuntos. Essa gerente disse ainda que eles têm dificuldade para analisar as informações e sofrem com a necessidade de ter que iniciar em uma função que não esteja à altura deles. E aí sim podem começar os conflitos no futuro.Como já foi dito, por um lado está a geração “submarino” no comando das empresas, exigindo análise detalhada do contexto para tomada de decisões na empresa e, por outro lado, a geração “navio”, impaciente e acostumada a respostas na velocidade do Google, exigindo objetividade da liderança das organizações. Talvez esse seja um dos motivos pelos quais as empresas estão chamando de volta os mais velhos, que um dia foram considerados desnecessários pelas mesmas. Como disse Freire: “Talvez a resposta não esteja na profundidade ou na superfície, mas na sabedoria. A sabedoria é a visão de cima."
Por Mariana Rodrigues 20 abril 2009

Homem novo By José Saramago


Culturalmente, é mais fácil mobilizar os homens para a guerra que para a paz. Ao longo da história, a Humanidade sempre foi levada a considerar a guerra como o meio mais eficaz de resolução de conflitos, e sempre os que governaram se serviram dos breves intervalos de paz para a preparação das guerras futuras. Mas foi sempre em nome da paz que todas as guerras foram declaradas. É sempre para que amanhã vivam pacificamente os filhos que hoje são sacrificados os pais…
Isto se diz, isto se escreve, isto se faz acreditar, por saber-se que o homem, ainda que historicamente educado para a guerra, transporta no seu espírito um permanente anseio de paz. Daí que ela seja usada muitas vezes como meio de chantagem moral por aqueles que querem a guerra: ninguém ousaria confessar que faz a guerra pela guerra, jura-se, sim, que se faz a guerra pela paz. Por isso todos os dias e em todas as partes do mundo continua a ser possível partirem homens para a guerra, continua a ser possível ir ela destruí-los nas suas próprias casas.

Falei de cultura. Porventura serei mais claro se falar de revolução cultural, embora saibamos que se trata de uma expressão desgastada, muitas vezes perdida em projectos que a desnaturaram, consumida em contradições, extraviada em aventuras que acabaram por servir interesses que lhe eram radicalmente contrários. No entanto, essas agitações nem sempre foram vãs. Abriram-se espaços, alargaram-se horizontes, ainda que me pareça que já é mais do que tempo de compreender e proclamar que a única revolução realmente digna de tal nome seria a revolução da paz, aquela que transformaria o homem treinado para a guerra em homem educado para a paz porque pela paz haveria sido educado. Essa, sim, seria a grande revolução mental, e portanto cultural, da Humanidade. Esse seria, finalmente, o tão falado homem novo.
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Cão de água

By José Saramago

Quando Camões apareceu por aqui, vai fazer catorze anos, com a sua pelagem negra e a exclusiva gravata branca que o tem distinguido de qualquer outro exemplar da espécie canina, todos os humanos da casa se pronunciaram sobre a suposta raça do recém-chegado: um caniche. Fui o único a dizer que caniche não seria, mas cão de água português. Não sendo eu especialmente entendido em cães, não seria nada surpreendente que estivesse equivocado, mas enquanto os demais teimavam em declará-lo caniche, eu mantinha-me firme na minha convicção. Com a passagem do tempo, a questão perdeu interesse: caniche ou cão de água, o companheiro de Pepe e Greta (que já se foram ao paraíso dos cães) era simplesmente o Camões. Os cães vivem pouco para o amor que lhes ganhamos e Camões, final depositário do amor que dedicávamos aos três, já leva catorze anos vividos, como ficou dito acima, e os achaques próprios da idade começam a ameaçá-lo. Nada de grave por enquanto, mas ontem apanhámos um susto: Camões tinha febre, estava murcho, metia-se pelos cantos, de vez em quanto soltava um ganido agudo e, coisa estranha, ele, que tão falto de forças parecia, desceu ao jardim e pôs-se a escavar a terra, fazendo uma cova que a imaginação de Pilar logo percebeu como a mais funesta das previsões. Felizmente, o mau tempo passou, pelo menos por agora. A veterinária não lhe encontrou nada de sério, e Camões, como para nos tranquilizar, recuperou a agilidade, o apetite e a tranquilidade de humor que o caracteriza, e anda por aí feito uma flor com a sua amiga Boli, que passa uns tempos em casa.

Por coincidência, foi hoje notícia que o cão prometido por Obama às filhas será precisamente um cão de água português. Trata-se, sem dúvida, de um importante trunfo diplomático de que Portugal deverá tirar o máximo partido para bem das relações bilaterais com os Estados Unidos, subitamente facilitadas graças à presença de um nosso representante directo, diria mesmo um embaixador, na Casa Branca. Novos tempos se avizinham. Tenho a certeza de que se Pilar e eu formos aos Estados Unidos, a polícia das fronteiras já não sequestrará os nossos computadores para lhes copiar os discos duros.

O (in)conformismo do brasileiro

O brasileiro tem um poder de indignação incrível. Todavia, é detentor de um poder de ação praticamente inexistente. Em outras palavras: o brasileiro é omisso!

A omissão do brasileiro se mostra clara na medida em que ele assiste, de forma inerte e passiva, a todas as falcatruas que os políticos fazem com o dinheiro público. Mesmo com a vasta divulgação dessa malversação de verba pública, que se dá através da farra que os parlamentares praticam no exercício de seus mandatos políticos, o povo só demonstra inconformidade e indignação, permanecendo silente e passivo diante de tais acontecimentos.

O problema da omissão do povo brasileiro é que o uso da máquina pública em benefício próprio acaba por fazer nascer nas gerações vindouras uma conveniente sensação de impunidade. A atitude dos políticos brasileiros faz brotar no povo a ideia de que vale a pena usar dinheiro alheio em benefício próprio, posto que não há nenhuma consequência negativa com tal atitude.

Na política, a velha máxima de que “toda ação corresponde a uma reação” não é verdadeira, pois o povo – detentor do direito de voto – não reage diante de situações que exigiriam atitudes positivas. Permanece indiferente esperando que algo mude, sem fazer absolutamente nada a respeito!

A imoralidade se tornou rotina; a moralidade se tornou exceção!

Os políticos brasileiros, diante da omissão de seus eleitores, se tornam verdadeiros atores no cenário nacional. Eles conseguem travestir suas atitudes corruptas em atitudes corretas, valendo-se do poder da palavra para explicar situações inexplicáveis.

No livro Raízes do Brasil, Sérgio Buarque de Holanda definiu o brasileiro como um “homem cordial”. Talvez, se estivesse vivo hoje, o definiria como o “homem sem moral”, posto que a omissão do povo em cobrar moralidade de seus políticos acaba por gerar a interpretação de que o próprio povo não tem moral para cobrar moralidade de ninguém.

Assim, sem ser cobrado, o político brasileiro acaba recebendo carta branca de quem o elegeu, na medida em que corrupto vota em corrupto, pois se identifica com ele. Isso se confirma com a reeleição de caciques da política brasileira, que são reconduzidos aos seus cargos políticos com significativo número de votos.

Sem uma reforma política e uma mudança de mentalidade, a corrupção na política tende a aumentar e, como consequência lógica, também a inconformidade do povo brasileiro.

Guilherme Dettmer Drago**Advogado, mestre em Ciências Criminais (PUCRS)
Zero Hora - 07 de maio de 2009

quarta-feira, maio 06, 2009

Perguntas De Um Operário Que Lê

Bertolt Brecht

"Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilònia, tantas vezes destruida,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Sò tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Indias
Sòzinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitòria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas"

A consciência


Zero Hora - 05 de maio de 2009
  • Se autoestima é a valorização de si próprio, sempre me intrigou o que hão de pensar os canalhas sobre si mesmos.

    Será que o canalha pensa que está certo? Será que ele não vê que é canalha?

    Em outros termos, será que as pessoas têm isenção para olhar para si próprias?

    ***

    Eu digo isso porque não sei se sou uma pessoa boa ou correta. Eu tenho uma dúvida sobre minha conduta. Uma dúvida muito séria: será que eu não tinha o dever ético e social de ajudar mais os outros do que eventualmente eu possa estar fazendo ou já ter feito?

    Será que não estou sendo omisso no meu comportamento social? Eu não teria de ser mais benigno e solidário em determinadas situações por que passei com relação aos outros?

    Será que não me omiti quando tive a oportunidade de levar à frente ações beneficentes a pessoas da minha proximidade ou até mesmo a gente distante de mim, que, no entanto, por pertencerem ao meu círculo familiar ou social, mereciam de mim maior atenção e ajuda?

    ***

    Isso é uma forma de se olhar no espelho. Isso é o que se pode chamar de consciência.

    Será que não tenho contrariado ou molestado o meu senso de responsabilidade?

    Será que, diante dos atributos que a natureza e/ou a minha formação me concederam, eu não tenho sido falho ou omisso com alguns dos meus semelhantes e isso possa tê-los ofendido ou prejudicado gravemente?

    ***

    Será que não é muito benévolo o julgamento que faço dos meus atos? E o que será que pensam de mim as pessoas com quem cruzei ou tenho vínculos sanguíneos?

    Será que por comodidade ou por falta de coragem eu não deixei de atender à integração obrigatória que teria de cumprir com meu meio ou com a minha condição?

    Será que as pessoas não esperavam mais de mim e eu, que tinha condições para atendê-las, não o fiz por entender erradamente que não era meu dever?

    ***

    Será que só fiz o que pude quando o certo era fazer mais do que pudesse, deixando de pensar demais em mim e me dedicando de corpo e alma à tarefa de ajudar e compreender os outros.

    Afinal, quem sou eu, sou justo ou iníquo perante o julgamento alheio ou da minha história?

    E o meu papel? Será que cumpri o meu papel e atendi às expectativas da minha capacidade e das necessidades dos outros.

    Ou, então, será que muitas vezes por covardia deixei de me esforçar para ser atencioso, carinhoso, dadivoso, pródigo com quem necessitava vitalmente da minha mão amiga e acabei abandonando no meio da estrada estas pessoas aflitas?

    ***

    Afinal, será que a desculpa que sempre dei de que a vida é uma batalha e a gente tem de pensar em si próprio para não ter de amargar desventuras patrimoniais no futuro (ou até mesmo no presente), licenciando-se assim para despreocupar-se com os outros, não terá sido exagerada, abandonando à própria sorte pessoas que tinha o dever de amparar, de conduzir, de consolar?

    Será que pertence só a mim esta faculdade de fazer um balanço da minha vida, ou todos se debruçam com essa preocupação para a possibilidade de virem a ser julgados pela posteridade, se é que já não o foram pela contemporaneidade?

    Deve ser a isso que se chama consciência.

    E a consciência dói, ela punge, ela devora, ela queima por dentro como ácido.

    Não bastavam as dificuldades da vida e ainda somos obrigados a saldar contas com a nossa consciência.

  • Paulo Sant'Ana

A fraternidade é frágil

À medida que os sonhos de uma sociedade muito mais justa diminuíram, a esquecida palavra fraternidade foi ressurgindo. Os mais sonhadores podem não gostar dessa palavra, os individualistas podem ironizá-la, mas a vida se esvazia sem esses elos entre a casa e o mundo. A fraternidade não envolve só os laços familiares, mas principalmente os de amizade, os irmãos da vida. São esses enlaces fraternos que criam os suportes para se enfrentarem as dores das perdas, ajudando assim a suportar as tristezas, bem como festejar as conquistas, amando a vida como ela é. De fato, nunca se sabe com certeza como a vida é. Ademais, ela não pergunta, as coisas acontecem, e não é por acaso que tanto tem sido escrito sobre os relacionamentos e a arte de viver. Arte essa que passa pela capacidade de ter alguns amigos indispensáveis para conversar e assim mudar a forma de olhar o cotidiano.

A fraternidade é frágil, como já se sabe desde os tempos bíblicos, pois o primeiro crime ocorreu entre irmãos, quando Caim matou Abel por inveja. As rivalidades fraternas seguem na Bíblia com Jacó e Esaú, com os irmãos de José, que o venderam como escravo para o Egito; muitos anos após, quando se tornou ministro do faraó, teve a chance de se vingar da crueldade dos irmãos e não o fez, introduzindo a fraternidade na Bíblia. O vínculo fraterno é paradoxal, oscila como duplo entre a ameaça à identidade imaginária da criança e ao mesmo tempo é mais uma de suas identificações. Esse vínculo também é a base de apoio da solidariedade, que estimula as ações coletivas e alivia o desamparo. Já Cícero definia o humano como frágil e perecível e, por isso, enfatizou como os amigos são necessários para darem conselhos e porque sem amigos não há alegria.

Apesar dos desencontros que ocorrem nos percursos da existência, é preciso fazer o elogio da amizade. Quem já viveu a experiência de ser ajudado ou já foi capaz de ações de desprendimento sabe toda a importância do outro. Há poucos dias, li na internet como um grupo de amigas fez um almoço para uma delas, que havia tido uma perda importante. Alguns esportistas não esquecem os colegas do passado e sabem ser bondosos quando um ou outro precisa. Quando ocorrem atos fraternos, a humanidade se enriquece, são iniciativas que diminuem o ceticismo geral. Atos que deveriam ser mais divulgados na mídia para que todos soubessem, todos os dias, não só das corrupções e crueldades, mas da quantidade de gestos nobres que acontecem. Se há nos jornais páginas esportivas, políticas e policiais, poderia haver uma da solidariedade.

Já é mais do que hora de recuperar o quanto de humanidade tenhamos perdido, e pode ajudar a leitura do poema Aos que Vão Nascer, do marxista Bertold Brecht: “Ah e nós, que queríamos preparar o chão para o amor, não pudemos nós mesmos ser amigos”. Uma frase sobre o futuro da humanidade, a possibilidade da utopia, a importância da humildade, bem como ter na amizade a primeira esperança.

Abrão Slavutzky* Psicanalista - Zero Hora 06.05.2009

terça-feira, maio 05, 2009

O que o símbolo @ realmente significa


Você o usa todo dia. Em inglês significa "a" ou "em" (no lugar). Os italianos chamam de algo parecido como caracol, os espanhóis e brasileiros, arroba. Os eslovacos, "macaco".
Mas o que @ realmente significava 473 anos atrás?

Em 4 de maior de 1536, Francesco Lapi - um mercante florentino que estava em Sevilha, Espanha - usou o @ em uma carta, a primeira vez que registrou-se o uso do símbolo em um documento. Só que o arroba não tinha um nome de domínio depois. À época, ele se referia ao número de ânforas que seriam exportados em três embarcações que partiriam de Espanha rumo a Roma, Itália. A ânfora era uma medida comercial de volume naquela época (PB: uma ânfora ou arroba valia 12,5 litros de azeite, ou 16,13 litros de vinho).
O documento que você vê acima diz:

Lá, uma ânfora de vinho, que é 1/30 de um barril, vale 70 ou 80 ducados.
Em espanhol (e em português), essa medida era chamada de arroba, palavra que até hoje refere-se ao @ (PB: No Brasil, a palavra ainda é muito usada na pecuária, e refere-se ao peso de mais ou menos 15kg). Depois disso, o símbolo foi conservado em máquinas de datilografar e prensas: as pessoas usaram-no durante séculos, e se tornou comum no jargão contábil com o significado de "ao preço de".
Era 1971 quando Ray Tomlinson viu o símbolo, e achou que poderia ser legal incluir o nome do servidor de mail ao do destinatário da mensagem.

Eu escolhi acrescentar um símbolo de "em" ao login do usuário. Frequentemente me perguntam por que o @, mas acho que ele faz sentido no fim das contas. O propósito do 'símbolo de em' (em inglês) era indicar o preço da unidade (por exemplo, 10 itens @ $1,95). Eu usava o sinal de @ para indicar que o usuário estava "em" algum outro host ao invés de estar em uma rede local.

E o resto, como dizem, é história. Eu não sei quando a vocês, mas de agora em diante eu vou ficar falando jesus ânfora gizmodo ponto com toda vez que precisar falar meu endereço de e-mail. Soa tão melhor! Ou melhor ainda, jesus macaco gizmodo ponto com. Isso. Definitivamente isso.

Vacinar contra cinomose: por que é importante?

Leia aqui....

http://www.cinomose.com.br/cinomose_aquinao/newsletter/cinomose_vidadecao.html

O que é hoarding?



A palavra tem o significado de esconder, colecionar e é o termo empregado para identificar um tipo de doença psíquica que atinge um grande número de protetores de animais. A pessoa começa abrigando alguns animais, na melhor das intenções e vai aos poucos perdendo a noção de espaço e de limites, até que tenha um número considerável de animais vivendo em sua casa, agora já totalmente inadequada para tantos bichos.
Começa, então, a vedar portas e janelas, a impedir a entrada de pessoas em sua casa, a descuidar-se completamente da higiene e já não acolhe apenas os animais que lhe são entregues, mas vai compulsivamente buscando mais e mais animais e os colocando prisioneiros nessa pocilga.
É comum encontrar-se carcaças junto com lixo, restos de comida, roupas e camadas de fezes nesses "abrigos".
Segundo pesquisa divulgada pela PETA, tratam-se de pessoas inteligentes,educadas, com boa escolaridade, provenientes de famílias de classe media em sua maioria, e muito bem intencionadas. Acreditam sinceramente que estão propiciando aos bichos um lugar seguro e muitas vezes só são "descobertos" quando morrem ou quando o cheiro de suas casas fica insuportável para os vizinhos.
Recusam-se a doar os animais, mesmo para lares adequados. É preciso ter em mente que se trata de uma DOENÇA, que requer tratamento psiquiátrico e retirada imediata dos animais sob sua proteção.
Nos Estados Unidos ,essas pessoas ficam impedidas de ter bichos novamente e são periodicamente avaliadas por psicólogos e assistentes sociais.
Todos nós, protetores, temos um pé no hoarding. Para nós, é quase impossível ver um animalzinho necessitado sem o impulso de recolhê-lo, sem medir muito as reais possibilidades de espaço, alimentação e tratamento veterinário. É nosso dever ter em mente, em primeiro lugar, o bem-estar dos animais e isso inclue um abrigo e cuidados adequados.
É bom ficar alerta para os primeiros sinais de ultrapassagem dos limites e evitar, ao máximo, sobrecarregar aqueles protetores que já demonstram alguma tendência para essa enfermidade.
Amigos protetores: após ler muitas mensagens com teor semelhante, achei propício falar sobre HOARDING.

Animals hoarder - Colecionador ( ou acumulador ) de animais - por Martha Follain.

Hoarding é uma patologia psiquiátrica, que é caracterizada por uma excessiva acumulação e retenção de coisas e/ou animais até eles interferirem no dia a dia, como o cuidado com a casa, saúde, família, trabalho e vida social. Hoarding é, muito freqüentemente, um sintoma de uma doença mental mais grave, como o transtorno obsessivo compulsivo. O Dr. David Tolin, diretor do Centro de Transtornos da Ansiedade, do Hospital Hartford, define hoarding: "Até agora, hoarding é considerado por muitos pesquisadores como um tipo de transtorno obsessivo compulsivo. Entretanto, para outros cientistas, hoarding também pode ser relatado como:

  • transtorno do controle do impulso (como comprar compulsivamente);
  • depressão;
  • ansiedade social;
  • transtorno bipolar. "

Há os acumuladores de coisas e os acumuladores de animais. Os acumuladores de animais , animals hoarders , são pessoas que necessitam de cuidados psiquiátricos, porém ainda não há literatura médica a respeito. Essas pessoas têm dificuldade em tomar decisões racionais e de tomarem conta de si próprios, mesmo em relação ao básico. Também não conseguem lidar com situações que não possam controlar – geralmente a morte de qualquer animal leva a uma forte sensação de angústia. O Dr. Gary Patronek, veterinário americano, diretor do Centro para Animais e Políticas Públicas da Universidade de Tufts e seu grupo chamado "The Hoarding of Animals Research Consortium", criado em 1997, definiram um acumulador de animais como:

  • alguém que acumula um grande número de animais sem lhe dar a garantia da cobertura das necessidades básicas (comida, cuidados de saúde e de higiene);
  • alguém que não tem a capacidade de entender a deterioração progressiva da saúde e higiene de seus animais, (não reconhece a doença, a morte e a fome) e do meio onde se encontram (superlotação e más condições higiênicas).

O Dr. Gary Patronek também conduziu uma pesquisa, em 1999, para delinear o perfil do acumulador de animais e, chegou às seguintes conclusões:

  • 76% são mulheres.
  • 46% têm 60 anos ou mais.
  • A maioria é de solteiros e mais da metade vive sozinho.
  • Em 69% dos casos, fezes e urina de animais estavam acumuladas nas áreas sociais da casa. Em mais de 25% dos casos, a cama do acumulador estava suja com fezes e urina.
  • Animais doentes ou mortos foram descobertos em 80% dos casos relatados, ainda que em 60% dos casos os acumuladores não reconhecessem o problema.

Em maio de 2003, os agentes da Humane Society de Maryland, nos Estados Unidos, invadiram o centro para animais "Chubbers Animal Rescue" , do casal Linda Farve e Ernie Mills. Os agentes encontraram mais de 300 gatos, vivendo em condições precárias de alimentação e higiene, incluindo mais de 70 corpos de felinos, em vários estágios de decomposição. Além disso, o chão do "estabelecimento" estava coberto por fezes, urina lixo e esqueletos. O casal foi julgado e condenado por crueldade contra os animais.

Os acumuladores, muitas vezes, aparentam levar vidas normais- são educados, simpáticos e conversadores. Porém, os animais (e eles próprios) vivem entre fezes, urina e lixo e, encontram-se subnutridos e doentes. Os cães, geralmente, estão infectados por várias doenças e os gatos com leucemia (FeLV), aids felina (FIV), etc. Os animais que morrem, freqüentemente não são retirados do local. O acumulador não tem a percepção da falta de higiene e dos riscos para a própria saúde e a dos animais. O acumulador não consegue dizer "não" a colocar mais um bicho em sua casa, por mais que esteja superlotada ou que o animal recolhido esteja muito doente (contagiando os outros animais). Ele acha que o bicho estará bem com ele, melhor do que em qualquer outro lugar e "nega" que seus animais estejam em condições precárias de saúde. Cães e gatos são as principais vítimas: 65% de gatos e 60% de cães , estão envolvidos nas ocorrências. Como o acumulador é , uma pessoa mentalmente doente, há controvérsias em relação à punição desse tipo de pessoa. Mas, de uma forma geral, o acumulador é enquadrado nos crimes de negligência e crueldade contra os animais – maus - tratos.

Esse tipo de situação já é preocupante , em termos de saúde pública, nos Estados Unidos.

Martha Follain – Formação em Direito, Neurolingüística. Hipnose, Regressão, Terapia reikiana – animais e humanos, Terapia floral – animais e humanos, CRT 21524.CURSOS DE FLORAIS DE BACH ON LINE PARA USO EM ANIMAIS E HUMANOS.

www.santaignorancia.rg.com.br

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domingo, maio 03, 2009

Gripe do México, não do porquinho

Influenza A (H1N1) maio 2009
Conselhos de uma infectologista:
1. Essa máscara é só parcialmente eficaz. A máscara que realmente funciona é um pouquinho mais grossa e tem um filtro. Porém ainda não sabemos o quanto esse vírus é veiculado de pessoa a pessoa.

2. Não adianta nada usar máscara se o caboclo não lavar as mãos.
Essa sim é a grande via de contaminação. Então vamos lembrar o que diziam nossas amadas mães: após pegar qualquer coisa de uso comum devemos lavar as mãos e antes disso não devemos colocar nossas mãozinhas sujas nos olhos e menos ainda no nariz ou boca.

3. Tamiflu e Relenza sao medicamentos ótimos, mas, como todo medicamento, tem contraindicação e não deve ser tomado sem recomendação e acompanhamento médico.
4. Vacinar para gripe comum não adianta nada. A vacina é ótima para os idosos para prevenir a Influenza nossa de todo ano. Mas não a influenza que está causando a “gripe suína” - apesar de não ter nenhum suíno doente.
5. Comer carne de porco não causa a doença - diferente da gripe aviária da Ásia, que era causada pela transmissão da ave ainda não preparada para os humanos. Isso sim justificava o não consumo para evitar a manipulação e justificava a erradicação de criações.
6. A doenca vai chegar aqui. A questão não é se, mas quando. Os especialistas avaliam que no máximo em dois meses. O maior problema é que será inverno, época que ficamos mais em locais fechados.
7. Alguns laboratórios dizem que em no máximo 6 meses teremos uma vacina.

Vídeos legais

Gatos caçam ratos no Museu Hermitage, na Rússia

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1020594-7823-GATOS+CACAM+RATOS+NO+MUSEU+HERMITAGE+NA+RUSSIA,00.html

Chinesa toma conta de 300 animais

http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM1020602-7823-CHINESA+TOMA+CONTA+DE+ANIMAIS,00.html

Discutindo a relação
http://www.youtube.com/watch?v=Mo2HW4JmlGY

Morrer em vida é fatal

Zero Hora - 03 de maio de 2009 N° 15958 - MARTHA MEDEIROS
Nunca esqueci de uma senhora que, ao responder por quanto tempo pretendia trabalhar, respondeu com toda a convicção: “Até os 100 anos”. O repórter, provocador, insistiu: “E depois?”. “Ué, depois vou aproveitar a vida”.É de se comemorar que as pessoas aparentem ter menos idade do que realmente têm e que mantenham a vitalidade e o bom humor intactos – os dois grandes elixires da juventude. No entanto, cedo ou tarde (cada vez mais tarde, aleluia), envelheceremos todos. Não escondo que isso me amedronta um pouco. Ainda não cheguei perto da terceira idade, mas chegarei, e às vezes me angustio por antecipação com a dor inevitável de um dia ter que contrapor meu eu de dentro com meu eu de fora.Rugas, tudo bem. Velhice não é isso, conheço gente enrugada que está saindo da faculdade. A velhice tem armadilhas bem mais elaboradas do que vincos em torno dos olhos. Ela pressupõe uma desaceleração gradativa: descer escadas de forma mais cautelosa, ser traída pela memória com mais regularidade, ter o corpo mais flácido, menos frescor nos gestos, os órgãos internos não respondendo com tanta presteza, o fôlego faltando por causa de uma ladeira à toa, ainda que isso nem sempre se cumpra: há muitos homens e mulheres que além de um ótimo aspecto, mantêm uma saúde de pugilista. A comparação com os pugilistas não é de todo absurda: é de briga mesmo que estamos falando. A briga contra o olhar do outro.Muitos se queixam da pior das invisibilidades: “Não me olham mais com desejo”. Ouvi uma mulher belíssima dizer isso num programa de tevê, e eu pensei: não pode ser por causa da embalagem, que é tão charmosa. Deve estar lhe faltando ousadia, agilidade de pensamento, a mesma gana de viver que tinha aos 30 ou 40. Ela deve estar se boicotando de alguma forma, porque só cuidar da embalagem não adianta, o produto interno é que precisa seguir na validade.Quem viu o filme Fatal deve lembrar do professor sessentão, vivido por Ben Kingsley, que se apaixona por uma linda e jovem aluna (Penélope Cruz) e passa a ter com ela um envolvimento que lhe serve como tubo de oxigênio e ao mesmo tempo o faz confrontar-se com a própria finitude. No livro que deu origem ao filme (O Animal Agonizante, de Philip Roth), há uma frase que resume essa comovente ansiedade de vida: “Nada se aquieta, por mais que a gente envelheça”.Essa é a ardileza da passagem do tempo: ela não te sossega por dentro da mesma forma que te desgasta por fora. O corpo decai com mais ligeireza que o espírito, que, ao contrário, costuma rejuvenescer quando a maturidade se estabelece.Como compensar as perdas inevitáveis que a idade traz? Usando a cabeça: em vez de lutarmos para não envelhecer, devemos lutar para não emburrecer. Seguir trabalhando, viajando, lendo, se relacionando, se interessando e se renovando. Porque se emburrecermos, aí sim, não restará mais nada.